Jurista
vê como grande vitória fato de a organização determinar que estado brasileiro
garanta os direitos políticos e constitucionais de Lula
“É
uma grande vitória do ex-presidente Lula e de seus advogados, e também dos
direitos humanos e fundamentais e da Constituição brasileira. Mais do que isso,
é um sinal muito forte de que no meio jurídico internacional vem se formando
uma maioria crítica aos abusos que vêm ocorrendo no Brasil não somente contra
Lula, mas também contra os próprios direitos humanos, por parte do sistema de
Justiça.”
A
opinião é do jurista e professor de Direito Constitucional da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Pedro Serrano, sobre a decisão do
Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta
sexta-feira (17), determinando que o Estado brasileiro garanta os direitos
políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato.
Segundo
Serrano, a decisão é baseada em tratados internacionais que o Brasil subscreve.
“Segundo a nossa Constituição, tratados internacionais sobre direitos
fundamentais e políticos que o Brasil assina são lei aqui, acima das leis
comuns. É uma decisão contundente.”
A
determinação da ONU se soma à decisão da Interpol, de duas semanas atrás, que
retirou o alerta vermelho contra o advogado Rodrigo Tacla Durán, entre outras
razões, por conta da parcialidade do juiz Sérgio Moro. A Interpol considerou
que Moro desrespeitou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. “Esse tipo
de decisão de órgãos internacionais vai consolidando a visão de que, no Brasil,
tivemos a prática de abusos contra os direitos humanos e fundamentais e contra
o próprio Lula, e que as condenações dele são persecutórias”, diz Serrano.
Embora
tais decisões tenham pouca “coercibilidade” (a ONU não vai usar a força contra
o Estado brasileiro, por exemplo), avalia, elas têm muita força. O Brasil pode
ser constrangido por meio de multas e sanções pecuniárias. “Se o Estado
brasileiro não cumprir, Lula sai vitorioso também, no plano político e moral”,
afirma o jurista.
Segundo
a ONU, Lula pode ser candidato, a não ser que haja um processo justo que o
declare impedido de forma terminativa, depois de todos os recursos. Serrano
destaca que a decisão confirma o ponto de vista de que, uma vez inscrito como
candidato, Lula tem direito a fazer campanha. O comitê da ONU rejeita a ideia
do Ministério Público de que Lula não tem direito a se manifestar da cadeia e
não pode receber advogados que sejam dirigentes partidários.
“Se
o juízo de execução (no caso, a juíza Carolina Lebbos, de Curitiba) impedir que
Lula dê entrevistas livremente, receba dirigentes partidários, pratique atos de
campanha, como filmar vídeos, fica consolidado que a intenção do Judiciário é
liquidar seus direitos humanos.” A decisão diz que Lula pode praticar todos
esses atos e se manifestar publicamente.
Por Rede Brasil
Atual
http://www.pt.org.br/serrano-decisao-da-onu-e-contundente-e-tem-forca-politica/
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