A
socióloga e professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
São Paulo (IFSP), Ana Paula Corti, criticou a pesquisa realizada pelos
pesquisadores Thais Waideman Niquito e Adolfo Sachsida para o Ipea que atrela a
piora na aprendizagem da Matemática às disciplinas de Siciologia e Filosofia.
Em
entrevista à revista Carta Capital, Corti aponta falhas estruturais na
realização da pesquisa. "Toda a correlação que o estudo faz apontando uma
piora no desempenho em Matemática é feita com base em alunos que podem ou não
ter tido aulas de Sociologia e Filosofia. Então, isso já coloca, ou deveria
colocar, muitos cuidados com relação a qualquer tipo de conclusão. O
experimento não permite chegar a conclusões contundentes", diz ela.
"Eu
fico me perguntando se a busca por esse tipo de correlação não teria a ver com
uma intencionalidade oculta de sugerir, nesse contexto que estamos vivendo de
Reforma do Ensino Médio, que as disciplinas de Sociologia e Filosofia podem ser
retiradas do currículo. Qual o interesse de tentar provar que a retirada das
disciplinas não só não vai fazer falta como poderia melhorar o aprendizado em
Matemática? É uma correlação espúria e uma maneira de tentar produzir
evidências no mínimo duvidosas", afirma a professora.
Ana
Paula Corti também aponta a ligação de um dos pesquisadores, Adolfo Sachsida,
ter uma relação direta com Jair Bolsonaro e projetos controversos como o Escola
sem Partido. "Vale lembrar que o Sachsida foi favorável à aprovação da
emenda do teto de gastos. Então, juntando, por que tanto interesse em mostrar
que a Sociologia e a Filosofia têm que sair do currículo? Por quê a tentativa
de mostrar que o currículo do Ensino Médio precisa valorizar só Português e
Matemática? Porque essa é uma visão professada pela reforma do Ensino Médio, o
que me leva a crer que a pesquisa que tenta produzir evidências para
legitimá-la", afirma.
https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/352120/“Qual-o-interesse-em-retirar-Sociologia-e-Filosofia-do-currículo”.htm#.WtuhEtdW01o.twitter
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