Quando
milhões de brasileiros cantavam o hino nacional e desfilavam com seus patos
pelas ruas do país, Sérgio Moro era um herói.
Era
aplaudido por onde passasse, ganhava prêmios, gravava vídeos defendendo
projetos de lei, sambava na cara dos investigados.
Era
o Super Moro.
Ontem,
o juiz das camisas pretas, como costuma defini-lo meu amigo Rodrigo Vianna,
começou a ver como a mão da história é pesada.
Ele
foi vaiado e filmado por um grupo de estudantes que o esperavam na PUC-RS.
O
mais curioso de tudo isso é que quando viu o grupo, achando que seria
aplaudido, esboçou um sorriso. Que teve de ser engolido para que as pernas
acelerassem o passo e o tirassem dali o quanto antes.
Moro
sentiu apenas o aperitivo do que virá. Não há como ser diferente. A
popularidade de Lula, preso, só irá aumentar. Ele será “a ideia” de justiça
social, de emprego, de melhor qualidade de vida. E Moro a perseguição, a
vingança, o ódio.
Moro
parece não ter percebido o quanto isso é perigoso, porque continua a tratar os
processos contra Lula como se não bastasse a condenação. Nos seus despachos faz
chacota, por exemplo, ao chamar de Estado Maior, uma sala de 3×5 metros na qual
Lula está isolado. Na qual não pode se relacionar com ninguém, como numa
solitária.
Ao
mesmo tempo, tenta vender isso como se fosse um privilégio que lhe deu, em
função do cargo que teve.
Moro
não tem chance de se livrar disso no futuro.
Os
intelectuais, a classe artística, os professores, quase todos os jornalistas
que não estão no topo das pirâmides das organizações de mídia, os bons
advogados e mesmo referências internacionais já se deram conta do que se passa.
São
esses que vão escrever os livros de história, as grandes reportagens que serão
guardadas, que vão analisar os autos, que vão fazer os bons filmes (não, Moro,
o Mecanismo e o A Lei é para Todos não são bons e nem ficarão para a história).
E
Moro será apresentado como é. Como o juiz vingador, vingativo, sem moral e
ética pública recomendadas pelo cargo. Uma pessoa que buscava destruir um campo
político e que tirava fotos com os que eram denunciados do outro lado político.
Sim,
a foto de Moro com Aécio, Alckmin e Temer aos cochichos já é um ícone, uma
marca que lhe traduz.
O
inescapável julgamento da história, mesmo que ainda sem o trem ter andado
muito, já coloca Lula como alguém mais popular que Moro. O condenado, nas
palavras do juiz, é mesmo da cadeia mais popular e respeitado que o seu juízo.
A
história não perdoa. E Moro ainda terá tempo para assisti-la de um quarto, de
um canto, de um lugar sem brilho. Porque foi assim com outros tantos. E não
será diferente com ele.
Dizem
os que movem por vingança que ela é um prato frio. Que deve ser comida depois
de algum tempo. Moro talvez se mova assim, a partir dessa máxima. E está se
esbaldando ao aprisionar Lula, buscando humilhá-lo de todas as formas.
Mas
a vingança não é nada perto do julgamento da história. Ela vive gerações. E
Moro já desenhou seu destino.
https://www.revistaforum.com.br/blogdorovai/2018/04/11/o-que-o-futuro-reserva-para-sergio-moro/
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