Julgado
por um regime de justiça de exceção, condenado pela Rede Globo e por todas as
grandes empresas de comunicação antes já de ser julgado, só há um caminho para
defender Lula: restituí-lo à história do povo brasileiro. É vão pretender
formar um juízo equilibrado em uma cena armada para condenar.
Se
Mandela foi condenado por um júri de brancos no país do apartheid social, Lula
está sendo condenado por um júri de classe dos grandes capitalistas no país do
apartheid social.
A
comparação de Lula com Mandela neste momento dramático da história secular e
épica de resistência do povo brasileiro, de Zumbi de Palmares a Chico Mendes,
de Tiradentes a Gregório Bezerra, de Pagu a Margarida Alves, de Antonio
Conselheiro a dom Hélder Câmara, é justa, necessária e incontornável.
É
justa porque, assim como Mandela, Lula é a liderança operária e popular de
maior raiz, amplitude e identidade de toda a história brasileira. Sua origem
social, suas quatro décadas na vanguarda da construção da democracia, o fato de
ser o maior símbolo da esperança de um Brasil sem apartheid social convergem
para este diagnóstico.
É
absolutamente necessária a comparação de Lula com Mandela porque assim como os
racistas sabiam que era preciso desmoralizar Mandela e mantê-lo preso para
manter o regime do apartheid, os que dirigem o golpe contra a democracia no
Brasil sabem que sem desmoralizar Lula e sem interditar a sua liderança
política, a democracia e os direitos do povo podem voltar ainda com mais força.
É
incontornável comparar Lula com Mandela porque assim como Mandela tornou-se a
grande referência internacional na luta contra o racismo, Lula tornou-se a
grande liderança mundial na luta contra a fome e a desigualdade social. A sua
defesa interessa aos povos de toda a América Latina e do mundo.
Na
história, não no tribunal dos racistas, Mandela tornou-se invencível. Assim
como na caravana ao Nordeste, será preciso agora abraçar Lula. O seu lugar é no
coração da história do povo brasileiro.
* Juarez
Guimarães é professor de Ciência Política na UFMG.
https://fpabramo.org.br/2017/09/08/a-condenacao-de-lula-no-pais-do-apartheid/

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