Irma,
mulher furiosa, que, com seu andar destruidor, nos dá uma lição de política
prática.
Anuncia
que vai para Cuba e que daí viajará, como qualquer balseiro, rumo à Flórida
para buscar o sonho americano.
Oh,
surpresa! O sonho americano consiste num grito que diz “lá vem o Irma, salve-se
quem puder”. As pessoas correm ao supermercado para acumular comida até
desabastecê-lo totalmente. As pessoas, em seus carros, procedem à evacuação
gerando o bloqueio das vias. As pessoas pensam se está em dia o pagamento do
seguro.
A
população da Flórida foge do Irma. Em sua fuga, a gasolina se esgota e as vias
se engarrafam com a quantidade de carros. Em seu fuga, movida por combustível
fóssil, garantem que virão mais furacões ainda maiores.
Darwinismo
social, sobrevive quem tem.
Em
Cuba, pequena ilha bloqueada e solidária, de imediato formam-se as brigadas de
trabalho, que são a forma organizada de defender o outro, o vizinho, o irmão, o
desconhecido. Uns põem a comida e os medicamentos de todos a salvo; outros se
ocupam de lhe fazer manutenção do saneamento básico para mitigar as inundações;
podam-se as árvores para que os ramos não sejam projéteis assassinos; ocupam-se
de levar as pessoas a refúgios e instalações militares seguras. Ante o perigo
coletivo, o plural é a resposta. A ira do Irma encontra um povo, por amor e por
dever reunido.
Antes
de morrer, Irma saberá que sua ira é inútil quando há um muro de corações que
se juntam.
Sergio Serrano
(@Cubanamera)
http://averdade.org.br/2017/09/visao-de-um-cubano-sobre-o-furacao-irma/

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