Representante
do ex-presidente Lula na ação que a defesa apresentou junto ao Comitê dos
Direitos Humanos da ONU, contra abusos praticados pela Operação Lava Jato
contra o petista, o advogado australiano Geoffrey Robertson participou nesta
quarta-feira 30 de um debate sobre o assunto em comissão no Senado.
Em
sua fala, ele fez duras críticas contra as delações premiadas no âmbito da Lava
Jato. "Presos dirão o que seus algozes quiserem pra serem liberados.
Delações premiadas são questionáveis. É uma prática medieval, é uma
tortura", disse.
O
advogado, que é referência mundial no tema dos Direitos Humanos, ressaltou ser
"crucial garantir que Lula tenha um processo justo". "E eu não
acho que o que acontece agora seja um processo justo", afirmou.
Leia
mais na reportagem da Agência Senado sobre a audiência:
CDH
debate queixa do ex-presidente Lula ao Comitê de Direitos Humanos da ONU
A
queixa apresentada pela defesa do ex-presidente Lula ao Comitê de Direitos
Humanos das Nações Unidas foi tema central em um debate nesta quarta-feira (30)
na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). Os
participantes da audiência defenderam o direito do ex-presidente ao julgamento
imparcial e criticaram alguns procedimentos da Operação Lava-Jato.
O
advogado australiano Geoffrey Robertson atua na defesa dos direitos humanos e
das liberdades civis e representa o ex-presidente Lula na queixa apresentada
por ele ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas. Na
queixa, a defesa alega que o julgamento do ex-presidente pelo juiz Sérgio Moro
tem desrespeitado garantias fundamentais do Estado Democrático.
Na
audiência, Robertson disse que todo cidadão merece um julgamento imparcial e
questionou o uso das prisões preventivas que tem sido feito na Operação
Lava-Jato. Para o advogado, que fez sua apresentação com tradução simultânea
para os presentes, há um alargamento proposital do período de detenção para que
os investigados, pressionados psicologicamente, fechem acordos de delação
premiada.
—
Muitas vezes acontecem delações premiadas questionáveis. Essas delações também
acontecem com uma grande redução das sentenças, as pessoas recebem apenas uma
fração da sentença que deveriam receber — destacou.
A
senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) defendeu investigação parlamentar sobre o que
classificou como “abusos da Lava-Jato” e criticou a postura do Judiciário que
permite o tratamento diferenciado, de acordo com a origem e a cor do cidadão.
—
O filho de uma desembargadora que foi pego com quilos de droga dentro do carro
não ficou preso nem uma hora, foi solto. Nós temos um outro rapaz que
participou das manifestações de 2013, e foi pego com dois vidros de
desinfetantes e ele está preso até agora. A diferença é que ele é negro e pobre
— reclamou.
O
representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Carlos
Moura, falou sobre a diferença de tratamento dada pela polícia brasileira para
cidadãos pobres e negros e sugeriu que o advogado de direitos humanos Geoffrey
Robertson se debruçasse sobre o instituto do “auto de resistência”, registro
policial que tem sido usado para justificar execuções sumárias, sob a alegação
de que houve resistência à prisão por parte da vítima.
Com
informações da Rádio Senado.
https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/314692/Geoffrey-Robertson-dela%C3%A7%C3%A3o-premiada-%C3%A9-pr%C3%A1tica-medieval-%C3%A9-uma-tortura.htm
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