terça-feira, 4 de abril de 2017

TAL LÁ COMO CÁ, MAS NÃO É O QUE DIZEM. Por Francisco Costa

O Judiciário da Venezuela assumiu o Legislativo, tutelando-o.

A mídia conservadora de lá, o pool midiático internacional e seus tentáculos no Brasil viram nisso sintomas de ditadura, um tribunal superior substituir o legislativo e funcionar como base de apoio do presidente, como se cá, na cleptocracia tupiniquim fosse diferente.

O que temos visto, nessas plagas de Meu Deus é o Malafaia é o Judiciário dar a última palavra em tudo, tutelando a política, judicializando-a.

Foi assim no Mensalão, quando Joaquim Barbosa se transformou no mais importante político brasileiro.

Se a imposição de uma política neoliberal destroça a nossa economia, não nos esqueçamos que tudo começou e continua acontecendo sob a batuta de um juizeco de primeira instância, criminalizando determinados setores políticos e, mais que isentando, blindado outros.

Na deposição de uma presidente legitimamente eleita, sem delitos criminais ou políticos, ao contrário dos que a substituíram, um ministro da suprema corte participou de todas as reuniões conspiratórias, fossem nas casas de parlamentares golpistas ou no consulado norte-americano em São Paulo, fazendo pronunciamentos bombásticos na mídia, usando a sua capacidade de influir na corte (é dono de uma faculdade onde quase todos os ministros, seus pares na corte, são seus funcionários na iniciativa privada), e agora preside o TSE, com poderes para absolver notórios corruptos e cassar os direitos políticos da ex presidente, evitando a eleição de uma Senadora combativa, com poderes tão grandes que capazes de também depor o golpista de plantão no Planalto.

É o Judiciário brasileiro o maior e mais forte cabo eleitoral das forças conservadoras, na medida em que criminaliza o potencial candidato com maior apelo popular, liderando todas as pesquisas de intenções de votos, ameaçando inclusive prendê-lo sem culpa formada, para inviabilizar a sua candidatura, asfaltando a estrada do conservadorismo.

Neste momento o Judiciário tem o poder de intervir sobre os processos da terceirização da mão de obra brasileira, da lei do abuso de autoridade, da reforma da Previdência e dos destinos de mais de cem políticos no exercício de mandatos.

Quer dizer que isso na Venezuela é ditadura e aqui é democracia?

Lá pelo menos o Legislativo foi mais honesto, eliminou os intermediários do império que lhes quer abocanhar o petróleo, ao contrário daqui, onde os réus são cúmplices do império e dos juízes, onde a mídia é mais um partido político, coligado com o PJB, o Partido do Judiciário Brasileiro.

Francisco Costa
Rio, 31/03/2017.



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