Quando
os empresários falam em maior agilidade nas relações de trabalho, eles estão
querendo dizer possibilidade de demissão dos empregados de maneira mais fácil e
menos onerosa. Quando alegam que os nossos produtos estão perdendo a
competitividade, na verdade estão querendo diminuir custos dos seus produtos ou
serviços às expensas da redução dos já minguados salários dos empregados.
Afirmam eles que as empresas multinacionais têm receio de se instalar no Brasil
por acharem a legislação trabalhista bastante complexa.
O
que ocorre verdadeiramente, é que tais empresas, além das benesses tributárias
que recebem ao aqui aportarem, querem ainda a mão-de-obra barata e descartável.
Ninguém
fala em reforma trabalhista com vista à melhoria das condições daqueles que são
a parte hipossuficiente nas relações de emprego que são justamente os
empregados. Alguém já viu alguma proposta de reforma trabalhista no sentido de
implementar direitos dos trabalhadores previstos na constituição federal? Onde
está a o salário mínimo capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e
às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo? Cadê a proteção em face da automação conforme
previsto no art. 7º, XXVII da Constituição Federal, além de outros direitos que
lhes são escamoteados?
Por
favor senhores trabalhadores. Não sucumbam ao canto da sereia de que a reforma
trabalhista nos moldes pretendidos pelos empresários irá melhorar a vida de
todos os empregados. Na realidade, irá beneficiar apenas aquela minoria que já
abocanha a maior parte do bolo e que cada vez quer deixar cair menos migalhas
para o nosso já tão sofrido povo.
A
reforma trabalhista que estão tentando nos impingir com frases de efeito e
promessas de um paraíso, representará um retorno dos empregados a uma condição
muito inferior à de um escravo. Afinal, ao contrário do escravo que é um
investimento a ser preservado por quem nele investiu, o empregado ficará à
mercê das injunções econômicas para continuar ou não na empresa. Sem levar em
conta o fato de que o surgimento de novas tecnologias aplicáveis às atividades
empresariais, inevitavelmente abrirão as portas para milhares de demissões.
Você
nunca se perguntou qual a causa pela qual as empresas multinacionais não atuam
exclusivamente nos seus países de origem? Pesquise e perceberá que, ou elas são
proibidas de fazê-lo por poluírem o meio ambiente, ou por lá os trabalhadores
não se deixam explorar com salários irrisórios. Precisamos aprender a não nos
vendermos por meia dúzia de novos empregos de segunda categoria e com caráter
transitório. Infelizmente, existem ainda muitas pessoas que possuem uma
tendência inata para a subserviência, dotadas de uma espécie de “espírito de
peão” que elas irão carregar para o resto de suas vidas. São pessoas com
vocação para carneirinho, sempre com medo de perderem as migalhas que lhes são
atiradas pelos detentores do poder econômico. Não seja você também mais um
integrante deste repulsivo rebanho.
Jorge André Irion Jobim. Advogado de Santa
Maria, RS
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