Após
declarações absurdas de Antônio Costa, pastor evangélico que é o novo
presidente da Funai, lideranças indígenas responderam a cada uma de suas
propostas, como a de que os índios devem entrar na cadeia produtiva e serem
competitivos. “O indígena não tem esse pensamento, a gente planta para comer e
trocar com outros povos, esse é o nosso interesse”
Em
entrevista ao portal BBC Brasil nesta quinta-feira (6), o novo presidente da
Funai, Antônio Costa, afirmou que os índios não podem ficar parados no tempo e
que têm que entrar na cadeia produtiva por meio de financiamentos de tecnologia
para produzir grãos ou alavancar a pesca para que chegue a um nível competitivo
com o mercado. A proposta vai na contramão do modo tradicional de vida desses
povos, que prezam pela produção apenas do essencial para sobreviver, e não
produzem para lucrar.
Lideranças
indígenas, nesta sexta-feira (7), rebateram as declarações de Costa, que é
dentista e pastor evangélico.
“Como
estamos parados no tempo se estamos lutando há mais de 500 anos para que não
destruam nossas terras?”, questionou a coordenadora-geral da União das Mulheres
Indígenas da Amazônia Brasileira (Umiab), Telma Taurepang. Para Taurepang, o
novo presidente da Funai não conhece a causa indígena.
“No
dia em que esse povo acordar e ver que não pode comer petróleo, quando esse
povo acordar e não conseguir respirar ar puro, talvez seja tarde demais”,
completou.
De
acordo com Costa, os índios deveriam deixar de ser apenas coletores para serem
também produtores e entrarem na competição do mercado. A declaração também foi
rebatida por outra liderança indígena, Tiago Karai, que é coordenador da
Comissão Guarani Yvyrupa.
“Parece
que a gente deveria pensar em plantar soja, cana, milho em grande escala para
vender. Só que o indígena não tem esse pensamento, a gente planta para comer e
trocar com outros povos, esse é o nosso interesse”, afirmou.
Foto: A líder
indígena Telma Taurepang
http://www.revistaforum.com.br/2017/04/07/indios-rebatem-presidente-da-funai-como-paramos-no-tempo-se-ha-500-anos-lutamos-por-nossas-terras/
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