As
delações da Odebrecht deixam no ar uma questão intrigante: Dilma Rousseff foi
afastada do cargo porque fechou as torneiras da corrupção na Petrobras? Ontem,
na mais importante das delações, Márcio Faria, o número dois da empreiteira,
afirmou que a empresa negociou, numa reunião presidida por Michel Temer, uma
propina de US$ 40 milhões para o PMDB; Dilma não apenas cortou o contrato em
43% como demitiu Jorge Zelada, o ex-diretor da companhia, que hoje está preso
em Curitiba; da mesma forma, Dilma também demitiu, no começo do seu primeiro
mandato, os ex-diretores Renato Duque e Paulo Roberto Costa, que também foram
presos na Lava Jato; será que foi a intolerância de Dilma com a corrupção – que
em Brasília se traduz por "inabilidade política" – que custou seu
mandato?
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– Deposta pelo golpe parlamentar de 2016, a presidente Dilma Rousseff sempre
foi acusada de inabilidade política, uma expressão muito comum em Brasília,
que, quando traduzida para o português, significa intolerância diante da
corrupção.
Inábil,
em geral, é quem não aceita passivamente a lógica de que aliados devem ocupar
cargos públicos para roubar e fazer caixa.
Dilma,
portanto, era inábil. Uma prova disso ocorreu quando decidiu demitir, em 2012,
no segundo ano de seu primeiro mandato, Jorge Zelada, que havia sido indicado
para o cargo pelo PMDB (leia aqui reportagem do G1).
Hoje
preso em Curitiba, Zelada foi responsável por um contrato que rendeu uma
propina de US$ 40 milhões para o PMDB, numa reunião presidida por Michel Temer,
segundo delatou Marcio Faria, número dois da Odebrecht (confira aqui o vídeo).
No
mesmo período em que demitiu Zelada, Dilma também afastou outros dois diretores
da Petrobras, Paulo Roberto Costa e Renato Duque, que estão entre os principais
alvos da Lava Jato. O primeiro saiu da prisão após fechar sua delação premiada
e o segundo continua preso em Curitiba.
Mais
do que simplesmente demitir Zelada, Dilma também determinou que o contrato da
propina de US$ 40 milhões do PMDB fosse cortado em 43% (relembre aqui). Naquele
momento, ela começou a ser acusada pelo PMDB, de forma mais estridente, de ser
inábil politicamente.
O
resultado é o que está aí: a presidente honesta foi afastada num impeachment
sem crime de responsabilidade conduzido por uma constelação de políticos
corruptos e o Brasil hoje é governado por pessoas com grande habilidade
política. Todos, porém, alvo de pedidos de inquérito por corrupção no Supremo
Tribunal Federal.
http://www.brasil247.com/pt/247/economia/290385/Dilma-caiu-porque-freou-a-corrup%C3%A7%C3%A3o-na-Petrobras.htm
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