Os
advogados de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciaram o
vazamento ilegal de imagens pela Operação Lava Jato para a produção do filme
Polícia Federal – A Lei é Para Todos, que deverá ser lançado em 31 de agosto,
em mais uma demonstração da seletividade da operação comandada pelo juiz
federal Sérgio Moro. Segundo constata a defesa, a principal cena do filme será
a condução coercitiva do ex-presidente, em março de 2016, “sobre o qual não
pesa condenação judicial em nenhuma instância, em claro juízo de seletividade
que visa macular sua imagem perante a sociedade”.
Na
petição enviada à 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba e ao diretor-geral da
Polícia Federal, a defesa do ex-presidente pede que “a produção do referido
filme e a Editora Abril (que edita Veja) se abstenham de usar imagens gravadas
e vazadas ilegalmente durante o cumprimento de decisão proferida por aquele
mesmo órgão judicial”. Os advogados também solicitam que seja respeitado o
sigilo das imagens e que sejam revelados quem são os financiadores da produção.
Confira a
íntegra da nota dos advogados:
O
ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sido o alvo preferencial e
recorrente de acusações infundadas veiculadas pela mídia, com base em
vazamentos orquestrados por alguns membros da Força Tarefa da Lava Jato com o
único intuito de atacar sua honra e denegrir sua imagem. Só pelos diversos
veículos das Organizações Globo, conforme estudo científico por nós apresentado
à ONU, foram 13 horas de exposição midiática negativa – o que equivale a 11%
das edições do Jornal Nacional no período de março a outubro 2016. Não bastasse
esse abuso, a escalada dos ataques a sua pessoa atinge agora limite
inimaginável com a produção cinematográfica de “Policia Federal – A lei é para
todos”, em fase avançada de filmagem – como noticiado por Veja e Folha de S.
Paulo.
Os
fatos inusitados que cercam essa iniciativa são a base da petição agora
encaminhada ao juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba e ao Diretor
Geral da Polícia Federal:
1.
uma operação de grandes proporções (746 buscas e apreensões, 183 pedidos
de cooperação internacional, 155 acordos de colaboração com investigados e
10 acordos com empresas) terá como cena principal, segundo noticiado, a
reconstituição da condução coercitiva de Lula, sobre o qual não pesa
condenação judicial em nenhuma instância, em claro juízo de seletividade
que visa macular sua imagem perante a sociedade;
2.
o financiamento do filme é mantido sob sigilo, o que é “incomum no cinema” –
conforme constatação do jornalista da Folha.
Com
estes dois elementos em vista, questionamos: a quem interessa financiar um
filme que elege, seletivamente, como principal símbolo da atuação da PF no
combate à corrupção a ilegal condução coercitiva de Lula, ignorando outros
tantos fatos e pessoas que compõem a história da referida operação? A quem
interessa macular a imagem do ex-Presidente, justamente quando simulações de
institutos de pesquisa o colocam em posição de destaque na disputa presidencial
de 2018?
Para
a gravação de cenas específicas, a imprensa noticia que os produtores tiveram
acesso integral a filmagens realizadas pela Policia Federal no dia da condução
coercitiva, quando o próprio juízo de Curitiba havia determinado que o evento
“em hipótese alguma” deveria ser filmado. Referido material também foi cedido
à Veja, que reconheceu na reportagem ter tido acesso “à íntegra da gravação,
efetuada por meio de uma câmera digital acoplada ao uniforme de um agente da
PF que participou da ação. As primeiras cenas foram captadas antes mesmo de o
sol nascer, na porta do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo, onde
vive Lula (…)”.
A petição dirigida ao
juízo de Curitiba pede que:
1.
a produção do referido filme e a Editora Abril (que edita Veja) se abstenham de
usar imagens gravadas e vazadas ilegalmente durante o cumprimento de decisão
proferida por aquele mesmo órgão judicial;
2.
as gravações eventualmente realizadas tenham tratamento confidencial, tal como
estabelecido na Constituição e na lei;
3.
seja apurado que agentes públicos foram responsáveis e tiveram acesso às
filmagens realizadas e ainda quem são os financiadores da produção que utiliza
materiais ilícitos;
4.
seja apurada a prática de eventuais crimes decorrentes da gravação e do
vazamento dessas imagens;
E ao Diretor Geral da
Polícia Federal que apure:
1.
eventuais infrações administrativas, éticas e criminais cometidas por agentes
policiais;
2.
a veracidade das afirmações publicadas por Veja de que integrantes da PF teriam
disponibilizado a terceiros vídeos gravados durante a condução coercitiva de
Lula;
3.
a veracidade da reportagem da Folha de que foram cedidos armas, uniformes,
carros, helicópteros e aviões da PF para a gravação do referido filme;
4.
quem são os financiadores do filme, que buscam obter vantagem – patrimonial
e/ou política – mediante a utilização de material ilegal.
Cristiano Zanin Martins,
Valeska T. Zanin Martins e Roberto Teixeira
Editoria:
Política
http://www.sul21.com.br/jornal/defesa-de-lula-denuncia-vazamento-de-imagens-para-filme-sobre-a-lava-jato/
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