Os
imbecis não conseguem pensar além de seus próprios umbigos e tomam a questão
previdenciária como um simples cálculo entre o que se contribui e o que se
recebe, daí balançarem a cabeça em aprovação aos que não são imbecis, mas são
perversos e querem sanear e fazer funcionar bem a máquina de pagar juros que é
o Estado brasileiro.
Reportagem
assinada por Mariana Carneiro, Ana
Estela Sousa Pinto e Paulo
Muzzolon, na Folha, mostra que
nada menos que 80% das pessoas que hoje se aposentam por idade perderia este
direito por muitos anos se aprovada a reforma previdenciária enviada por Michel
Temer ao Congresso. E mostra mais: que o grande peso disso recaria sobre os
mais pobres, não apenas porque a média dos proventos dos que se aposentam por
idade é de 890 reais (apenas 10 reais acima do mínimo de 2016), mas porque a
concentração das aposentadorias deste tipo mostra que também são os estados
mais fracos da Federação os maiores prejudicados.
Nove
estados brasileiro têm mais de 90% dos seus aposentados por idade, numero que
dobra se considerarmos o patamar de 80%. Isto é, de cada cinco pessoas que se
aposentam só uma consegue alcançar os 35 anos de contribuição (homens) e 30
anos (mulheres).
O
retato da monstruosidade é claro: praticamente 80% dos aposentados por idade,
hoje, não teriam o benefício se valessem hoje as regras desejadas pelo governo
golpista e sem voto.
Não
dá nem para fazer o raciocínio de quantas atingiriam os 49 anos de contribuição
necessários à aposentadoria integral, pela regra proposta por Temer, porque o
resultado seria simples deboche.
Mesmo
para os 35 anos atuais, isso significa, para a grande maioria, algo em torno de
40 anos de vida laboral, porque com a rotatividade de sempre e o desemprego de
tantas vezes, os “buracos” no tempo de contribuição elevam para este nível o
atingimento do mínimo exigido.
Claro
que isso vale também – e até mais gravemente, porque mais grave o desemprego e
o trabalho informal entre os pobres – para a exigência de 25 anos de
contribuição. E com a rejeição a empregar gente já mais velha generalizada – e
mais grave nas profissões que exigem esforço físico, como a construção
civil e o trabalho rural – isso vai
significar que estas pessoas devem esquecer a aposentadoria.
Faça
o seguinte: coloque de um lado todos os cálculos dos meninos bem vestidos que
falam horrores do rombo da previdência e, de outro, o rosto das pessoas que
trabalham a vida inteira na informalidade, nos biscates, suando na enxada de
sua roça e escolha qual dos dois retrata melhor o brasileiro.
Como
já disse hoje, a tecnocracia virou a face fria da maldade.
http://www.tijolaco.com.br/blog/reforma-da-previdencia-os-numeros-da-crueldade-contra-os-pobres/
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