Papéis
da CIA (agência de inteligência americana) mantidos por décadas sob segredo,
liberados no final de 2016 para conhecimento público, revelam como os Estados
Unidos espionaram desde o político Leonel Brizola até os escritores Erico
Verissimo e Josué Guimarães.
Nem
uma fábrica de tecidos localizada na Avenida Voluntários da Pátria, em Porto
Alegre, suspeita de fomentar atividades comunistas, escapou da vigilância
norte-americana. O jornal Tribuna Gaúcha, ligado ao PCB, com sede no centro da
Capital, também foi monitorado.
A
maioria dos documentos é fruto de ações de arapongagem no período da Guerra
Fria, entre 1945 e 1991, época em que o mundo estava engolfado em uma batalha
por informação, dividido pela disputa ideológica, bélica e econômica entre os blocos
capitalista e soviético. Nesse contexto, qualquer suspeita de simpatia ao
regime do líder soviético Josef Stalin era suficiente para tornar políticos e
populares, empresários, sindicalistas, professores, artistas e jornalistas,
entre outros profissionais, em objetos da espreita.
Embora
liberados digitalmente, os documentos da CIA carregam trechos censurados, com a
imposição de tarjas que escondem partes de seu conteúdo. A leitura dos
relatórios indica que foram elaborados a partir de informações de fontes não
nominadas, notícias de jornais e de reuniões políticas mantidas pela embaixada
americana e consulados, inclusive em Porto Alegre.
Citado
centenas de vezes nos papéis, Brizola, classificado como “ultranacionalista”,
“extremista de esquerda” e “cunhado de Goulart”, em referência ao então
presidente João Goulart, era um dos alvos principais dos EUA. Nos documentos, é
expressado o temor americano com a eventual ascensão política do gaúcho, desde
a sua possível influência sobre o governo Goulart até a chance de ser eleito
presidente do Brasil no pleito de 1989. Todas essas hipóteses geraram
relatórios da CIA, enviados ao Departamento de Estado americano.
Exílio,
guerrilha, um suposto plano de ataque ao presidente Artur da Costa e Silva em
visita ao Uruguai, expropriações de empresas estrangeiras e nacionalização do
petróleo, todos esses temas foram motivo de preocupação e espionagem quando o
assunto era Brizola. Os documentos indicam como os EUA monitoraram a evolução
das chances de um golpe militar contra Goulart, o Jango, confirmado em abril de
1964. Já no período da redemocratização, no final da década de 1980, os papéis
da CIA revelam que empresários pediram nova intervenção militar no Brasil.
Uma
atividade de observação intensa que, ao longo de décadas, ajuda a recontar
detalhes da história do Brasil.
https://luizmuller.com/2017/02/18/documentos-da-cia-revelam-que-brizola-e-erico-verissimo-eram-monitorados-pelos-estados-unidos/
Um comentário:
Todas as denúncias que eram espertamente classificadas como exageradas, invenções e teorias da conspiração, vão se confirmando verdadeiras: o planejamento, o apoio, o financiamento, o controle, a coordenação, a imposição de interesses, as espionagens, as participações nos golpes, as atuações das agências de inteligências e espionagens estadunidenses e de outras nações, a cooperação das elites brasileiras, suas cooptações, e traições a Nação, bem como a dos militares e forças repressivas em períodos anteriores como na atualidade, estão sendo desvendadas, denunciadas e comprovadas. Expondo cada vez mais, o quanto estes personagens, entidades e nações não respeitam a democracia, o estado de direito, a soberania e os interesses da Nação Brasileira, impondo a quaisquer custos seus interesses e objetivos!
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