sábado, 25 de fevereiro de 2017

A SITUAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DAS MULHERES NEGRAS NO BRASIL: VIOLÊNCIAS E VIOLAÇÕES

Esse Dossiê é o resultado de um trabalho conjunto do Geledés – Instituto da Mulher Negra e Criola – Organização de Mulheres Negras, sob a coordenação de Nilza Iraci e Jurema Werneck. Ele apresenta diferentes formas de violações de direitos humanos de mulheres negras brasileiras e foi apresentado na 157ª sessão da Comissão da OEA – Organização dos Estados Americanos. A violência é um fenômeno complexo e, nas sociedades afetadas pelo racismo patriarcal heteronormativo, atinge de maneira desproporcional às populações de pele escura, com forte marca do sexismo e das fobias LGBT. Apesar de o Brasil ter se empenhado nas últimas décadas em ações de diminuição das desigualdades sociais e de enfrentamento da violência contra a mulher, elas não impediram o aumento de 54.2% dos assassinatos de mulheres negras entre 2003-2013, o aumento do encarceramento feminino e a continuidade das violações de direitos das mulheres negras.

Para proteger a vida e os direitos de mulheres e meninas negras, é imprescindível que mecanismos, soluções e remédios atuem sobre as experiências e necessidades específicas deste grupo populacional, incorporando a perspectiva de enfrentamento ao racismo patriarcal heteronormativo, ao racismo institucional e seus impactos sociais, econômicos e psíquicos na vida das mulheres e meninas negras. Enquanto preparávamos o Dossiê nos deparamos com histórias e imagens que impregnaram nossas mentes, se fixaram em nossas retinas, perduraram durante todo o trabalho, e ainda nos assombram. Imagens de dor, de abandono, de manifestações de ódios, de descaso público, mas também de solidariedade e indignação. E é o sentimento de indignação que nos leva a conclui-lo e apresentar a vocês. Queremos chamar atenção e exigir respostas urgentes capazes de frear a exposição desproporcional de meninas, adolescentes, jovens mulheres negras lésbicas, trans e heterossexuais, do campo e da cidade às múltiplas formas de violência. Queremos, ainda, apontar caminhos para reverter a inadequação e/ou ineficiência das políticas públicas em curso no Brasil para proteger as vidas das mulheres negras. Nem de longe pretendemos esgotar os assuntos tratados, pelo contrário esperamos que cada um/a de vocês se indigne, também, e utilize esse material como instrumento de luta e pressão para que possamos transformar esse circo de horrores num mundo confortável e digno para as meninas, adolescentes e mulheres negras lésbicas, trans, heterossexuais do campo e da cidade e todas as pessoas desse país.

http://criola.org.br/?p=920


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