terça-feira, 3 de janeiro de 2017

POR QUE NÃO ABRIMOS LOGO CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO? Por Fernando Brito

Não cabe falar do show de horrores do massacre na penitenciária de Manaus.  Quem vive da exploração da miséria humana que o faça.

Cabe falar de um país que vive a insânia de meter na cadeia quase 700 mil pessoas, em condições trágicas e perspectivas ainda mais trágicas.

Se considerarmos o número dos que estudam como indicador de ressocialização, só 12,8%deles, 84 mil,  trilham esse caminho, segundo publicou hoje O Globo, antes desta tragédia.

Ou, fazendo a conta ao inverso, para evidenciar: 572 mil indivíduos estão na cadeia sem esperança de um vida, o que dirá melhor.

Não deve ser algo tão ruim, porque há muitos empresários privados – como os que administram o presídio de Manaus, algo sonegado à opinião pública, ao menos ao que vi – e os dados estão todos na página dos Jornalistas Livres – e as “otoridades”, esquecidas de que a lei coloca os custodiados sob responsabilidade do Estado, se preocupam em dizer que se mataram uns aos outros.

Com o requinte sádico de chamarem o “empreendimento” de Umanizzare,

Fico pensando se não é uma baita hipocrisia não abrirmos logo campos de concentração, porque estamos em marcha batida para termos um milhão de pessoas presas. O que, convenhamos, é prender em escala hitleriana.

Afinal, não vibramos com a prisão, não consideramos a cadeia o sinônimo de Justiça e o caminho da realização dos desejos coletivos?

E não achamos que prender de menos, e não demais, é a fonte de nossos problemas.

Quem sabe a gente tenha de admitir que os chuveiros que soltavam o gás Zyclon B fossem piedosos em relação aos facões e  machado que retalham pessoas ainda vivas e lhes arrancam corações?

Os nossos judeus são negros, pardos, pobres? Os judeus da Alemanha ou da Polônia não eram, mas eram igualmente considerados não-arianos, inferiores, incorrigíveis.

http://www.tijolaco.com.br/blog/por-que-nao-abrimos-logo-campos-de-concentracao/



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