Não
haveria Lava Jato sem a mídia. A opinião é do procurador federal Eugênio
Aragão. Em declaração ao Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de
Itararé, nesta segunda-feira (30), o ex-ministro da Justiça criticou o papel
jogado pelos grandes meios de comunicação não apenas na espetacularização e
partidarização da Operação Lava Jato, mas também no processo ilegal de
impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Segundo
Aragão, o rumo tomado pelas investigações da Polícia Federal se confundem com o
próprio golpe. “Não haveria golpe e nem essa intensidade toda da Lava Jato, que
tem sido claramente usada para fins políticos, se não fosse pela atuação da
mídia”, dispara. O monopólio midiático no Brasil, opina o procurador, é um ator
político essencial. “Não é por acaso que recebe a alcunha de Partido da
Imprensa Golpista”.
Com
a missão inicial de passar a limpo a corrupção na Petrobras, um dos maiores
patrimônios do povo brasileiro, a Operação Lava Jato passou a ser alvo de
críticas por adotar pesos e medidas diferentes para determinados políticos e
partidos. A imprensa, ao invés de fiscalizar, endossa a politização da
investigação, critica Aragão.
Um
dos casos mais emblemáticos é o do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Derrotado nas
urnas na eleição presidencial de 2014, o tucano é campeão de delações na Lava
Jato. Além de permanecer intocado, Aécio Neves foi pivô de controvérsia ao
aparecer sorrindo em conversa animada com o juiz Sergio Moro, uma das
principais figuras da Lava Jato, durante premiação da revista IstoÉ. “A mídia
tem um lado claro nessa briga toda, que é o da elite brasileira”, assinala
Aragão.
A
homologação das delações da Odebrecht pela ministra Carmen Lúcia, do Supremo
Tribunal Federal (STF), deve comprometer muitos dos políticos até então
blindados e protegidos, como por exemplo Michel Temer (PMDB-SP), que assumiu a
presidência após o impeachment. A expectativa do procurador, no entanto, é de
que a imprensa endureça ainda mais a proteção aos partidos que compartilham
seus interesses.
“Acredito
que a postura não mudará e, pelo contrário, os meios devem centrar ainda mais
fogo em cima de Lula e dos que estão ao seu lado, até como forma de
reequilibrar o jogo”, avalia Aragão. “Do ponto de vista midiático, aposto que
teremos dias de muita tensão pela frente”.
Foto:
Wilson Dias/Agência Brasil
http://baraodeitarare.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1458:eugenio-aragao-essencial-no-golpe-e-na-lava-jato-midia-nao-mudara-postura-quanto-as-delacoes&catid=12&Itemid=185
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