Moro
planeja passar um ano nos Estados Unidos, depois da Lava Jato. Seria, segundo a
colunista Mônica Bergamo.
Bem,
antes de tudo, é difícil crer que a Lava Jato chegue ao fim. São já dezenas de
operações e fases, e não se vê sinal de desfecho.
É
mais provável que ela vá murchando, e murchando, e murchando — até sumir. Onde
foram parar aquelas ações espetaculares, transmitidas euforicamente pela mídia?
A
real missão da Lava Jato — derrubar o governo de Dilma — já foi alcançada.
Se
for mesmo para os Estados Unidos, Moro já vai tarde. O Brasil tem que tirar
férias de Moro. De preferência, esquecê-lo, por tudo que ele representou e
representa.
Moro
simboliza a antijustiça. Ele é a negação do conceito de imparcialidade da
Justiça. Nisso tem a companhia de Gilmar Mendes, mas há uma grande diferença
entre os dois: Moro tem muito mais poder. Por isso é bem mais deletério que
Gilmar.
Gilmar
fala muito, mas pode fazer pouco. Moro pode fazer muito sem falar nada.
Quando
se fizer um balanço de Moro e da Lava Jato, se verá que os prejuízos superaram
amplamente os ganhos.
Combate
à corrupção pela metade — só vale pegar petistas — é um mal terrível. Você luta
de mentirinha contra a roubalheira. Você usa a Justiça para perseguir seus
inimigos, e ponto. Os costumes se corrompem. É o triunfo do cinismo e da
hipocrisia.
Considere
os efeitos práticos de Moro e sua criatura. Sob o pretexto da corrupção, uma mulher
honesta foi encurralada até ficar sem saída e ser apeada do poder.
Tudo
isso para colocar no Planalto Temer, Jucá, Geddel e tantos outros do gênero. Se
fosse pela corrupção, não seria assim.
No
golpe de 1964, pelo menos as aparências foram mantidas inicialmente. A
corrupção foi, como agora, brutalmente usada como pretexto pelos golpistas. Mas
o militar posto na presidência, Castelo Branco, tinha a aura de um homem
incorruptível, simples, frugal. Note: eu disse “aura”.
Nem
isso Temer tem. O que o aproxima de Castelo é um detalhe físico: a ausência de
pescoço.
Os
filhos da Lava Jato são dantescos. Temer é filho da Lava Jato. A crise política
e econômica que nos flagela é filha da Lava Jato. A impunidade insuportável de
corruptos como Aécio, Serra e Alckmin é filha da Lava Jato.
É
este o legado de Moro. Pioramos e muito depois dele. Os fatos, os números, as
estatísticas estão aí. Éramos uma democracia que avançava — lentamente, é certo
— na igualdade social. Somos agora uma República de Bananas voltada, como
sempre aconteceu, para os ricos. Para os privilegiados. Para a plutocracia.
Moro
já vai tarde.
Bye.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/se-for-mesmo-para-os-estados-unidos-moro-ja-vai-tarde-por-paulo-nogueira/
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