Nada
mais oportuno do que um texto direcionado àqueles que insistem em desconstruir
a importância do dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, comemorado no
dia 20 de novembro.
Para
isso me vem à lembrança uma das passagens da obra “Pele Negra, Máscaras
Brancas” do intelectual antilhano Frantz Fanon. “Há imbecis demais nesse
mundo”, escreveu o autor. Concordo.
Por
Ricardo Corrêa*
Exemplo
disso são os críticos que sempre se opõe a qualquer movimento que busque o
empoderamento da população afrodescendente; seus argumentos denunciam a
imbecilidade presente que os caracteriza. Nesse grupo encontramos negros
tentando forjar uma identidade que os afastem da descendência africana, e os
não afrodescendentes que elaboram discursos ignorando a existência do racismo
no Brasil. Em ambos os casos, existe o consenso de que a comemoração da
“Consciência Negra” é uma forma de discriminação com a população que não é
afrodescendente, reforçando a tese do “racismo reverso”.
Essa
tese poderia encontrar sentido se tivesse sido os brancos europeus, arrancados
da própria pátria e vítimas da escravidão sob o comando dos negros africanos no
Brasil. Quem sabe nessa realidade imaginária, surgiria um líder em algum
quilombo – em São Paulo, seria simbólico – organizando a luta contra o regime
escravagista. No entanto, esse enredo faz parte da história dos negros.
Foram
eles que tiveram a raça aviltada por quase quatro décadas. E os brancos,
algozes da população africana, violentaram seus corpos, sua cultura e a sua
moral.
Somente
com Zumbi, surgiu a esperança concreta de liberdade e vida digna. Assim, os
fugitivos das senzalas buscavam refúgio no Quilombo dos Palmares, onde Zumbi
construíra um modelo de sociedade na qual a produção e as riquezas eram
igualmente divididas. A Casa Grande surtou!
Em
1964, o Quilombo dos Palmares foi atacado sob o comando do bandeirante
paulistano Domingos Jorge Velho. Nesse ataque, Zumbi escapou com alguns
ferimentos, mas no dia 20 de novembro de 1695, foi capturado e morto.
Decapitaram a sua cabeça e a expuseram em praça pública para intimidar os
negros que persistissem na luta pela liberdade.
A
comemoração da “Consciência Negra” visa reavivar a memória de Zumbi dos
Palmares e incitar a toda comunidade, reflexões sobre as condições que estão
postas no cotidiano dos afrodescendentes, e os caminhos para a superação nos
campos da cultura, educação, saúde, economia, segurança etc.
Não
há dúvidas de que o racismo continua presente, e as formas de violência com a
população negra assumiram novas características, sem perderem a essência do
período escravagista. Portanto, essa situação faz da vigilância, uma premissa;
e a luta pela cidadania, demanda inadiável.
Sendo
assim, a celebração do dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra é um
movimento consciente que supera a qualquer discussão imbecil.
*É
especialista em Educação Superior
http://www.m.vermelho.org.br/noticia/289864-1
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