Leio,
logo pela manhã de hoje, na BBC Brasil:
Juízes
que se tornam “estrelas midiáticas” e que estão fazendo “política sem
responsabilidade” colocam em risco a democracia.
A
avaliação é do ex-presidente da Colômbia e atual secretário-geral da Unasul
(União das Nações Sul-Americanas), Ernesto Samper.
Segundo
ele, trata-se de um fenômeno crescente na América do Sul, “que afeta a
continuidade democrática e ao qual todos devem estar alertas”.
Aqui
o texto, para quem quiser ler mais.
Alguém
falou em Gilmar? Em Moro?
Pois
eis que, algumas horas depois de eu haver lido o texto da BBC, o juiz Moro
solta uma nota de advertência aos políticos brasileiros.
Nada
contra o mérito da nota: Moro se declarou contra a anistia ao caixa 2 — uma
aberração que conseguiu unir num sentimento generalizado de indignação
brasileiros tão divididos em torno de assuntos políticos.
O
problema não é o teor do pronunciamento de Moro: é ele tê-lo feito. Moro não é
político e não deveria se intrometer em política.
Como
disse o secretário geral da Unasul, juízes que buscam o estrelismo midiático
pela política são um risco para a democracia.
Moro
tem prioridades às quais se dedicar antes de pensar em Caixa 2. Vão ruindo as
acusações que comandou contra Lula. Hoje mesmo, Nestor Cerveró negou a
participação de Lula em roubalheiras na Petrobras.
E
vai ficando cada vez menos favorável a situação de Moro. As críticas a ele e à
Lava Jato, se antes eram sussurradas, agora são berradas.
Bresser
Pereira, um dos fundadores do PSDB, mostrou isso ao colocar em seu Facebook
nesta quinta: os prejuízos que a Lava Jato está causando ao país são maiores
que os benefícios que ela possa ter trazido.
Quantas
pessoas ousariam dizer isso escancaradamente até algum tempo atrás?
É
também notável a mudança de conduta de Lula em relação a Moro e à Lava Jato.
Lula, definitivamente, saiu das cordas e foi para o confronto, acompanhado de
uma equipe de advogados aguerrida e combativa.
É
como se, invertidas as coisas, Moro estivesse agora na defesa: que fazer com
Lula? Prendê-lo parece ser uma missão muito acima das forças de Moro.
Moro
é hoje muito menos do que foi ontem, e amanhã será ainda menor. Toda
unanimidade, quando se desfaz, vira pó rapidamente.
Neste
cenário todo, soa fora de hora, de tempo e de espaço a nota que produziu sobre
a anistia do Caixa 2.
Moro
deve fazer justiça, ou deveria, porque é pago para isso. Política é para quem
se submeteu ao risco das urnas.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/quem-moro-pensa-que-e-para-se-meter-no-debate-do-caixa-2-por-paulo-nogueira/
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