Vez
por outra sinto um grande mal estar e algumas perguntas me vem a mente: afinal,
quem é que precisa de um deus, um inferno, um céu, um diabo se todos nos
habitam no grande cortiço de nossas almas?
Nos
espreitam, acompanham, se insurgem e nos movimentam sempre e tanto!
Mas
é interessante como em todas as tradições religiosas são colocados para fora e
para além do indivíduo como se longe ou perto significassem domínio sobre as
forças do além.
O
Bem mantido próximo significaria bem aventurança e local certo e garantido num
locus que alguns chamam céu, paraíso, mas que significariam perfeição e
eternidade. Colocados num futuro ad eternum, o indivíduo passa uma existência
barganhando e negociando favores e fazeres.
O
julgamento ora feito pelos que compartilham a fé em sua imediaticidade, ou um
deus onipresente e onisciente põe em xeque princípios mínimos de privacidade:
nada escapa aos seus olhos.
Do
outro lado há o Mal, colocado quase sempre na fronteira entre o ser e o mundo,
representa uma presença permanente em frestas de ações ou pensamentos.
Oportunista se vale de um jogo de sedução e sedição, buscando na barganha com
os céus corromper algum 'íntegro' desavisado.
A
negociação entre o que perde e o que ganha também é jogada para fora e para
frente onde ninguém sabe ao certo quem é o juiz e quem é o oponente.
No
mundo maquiavélico as pessoas se esquecem de que o cortiço da alma aceita e
cabe de tudo um pouco.
Não
é lá fora, ou distante nos dias que tudo ocorre.
Em
verdade, no cortiço de nossas almas os gritos das lutas travadas ocorrem todo o
tempo e às vistas de todos. Tudo o que acontece em cada compartimento está lá:
basta olhar!
A
lama, o lodo e todos os odores dos recônditos do cortiço de nossa alma estão
ali.
http://jornalggn.com.br/blog/eli-rezende/o-cortico-de-nossas-almas-por-eliana-rezende
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