Já
o dizia meu saudoso pai: os ignorantes usam o punho, enquanto os inteligentes
usam a cabeça. Em outras palavras, o punho do ignorante entra em cena, quando
seus paupérrimos argumentos se esgotam.
A
batalha campal ocorrida terça-feira (29/11) em Brasília é um evidente sinal do
desgoverno que tomou conta do Brasil depois do golpe parlamentar.
Um
grupinho se incrustou nos palácios e ministérios da capital, sem capacidade de
diálogo e de minimamente convencer a sociedade atônita sobre seus propósitos.
Prefere mandar a “puliça” atacar indefesos manifestantes a se dar ao esforço da
argumentação. Até porque argumentos não há que sustentem a degradação do Brasil
a uma republiqueta de atores políticos vaidosos, ambiciosos e gananciosos.
Não
há mais projeto nacional, não há metas nem de curto, nem de médio e nem de
longo prazo. A economia está à deriva, por se interessarem seus gerentes
públicos apenas por satisfazer as pretensões egoístas de rentistas e
especuladores.
Ontem
um amigo empresário do Norte me disse que a exportação de gado brasileiro caiu
90% e o setor está em polvorosa.
Com
certeza não é um problema de falta de demanda externa, mas sim da mais tosca
incompetência do desgoverno, incapaz de abrir novos mercados e de manter os já
consolidados.
A
comissão de comércio exterior da Federação Russa, por exemplo, insistiu em vão em
se reunir com os técnicos do Sr. José Serra e não recebeu nenhuma confirmação
sobre data que estava ficada, desde tempos, para dezembro. A reunião, parece,
ficou para depois do carnaval.
A
Embraer atravessa séria crise, de modo a demitir centenas de seus empregados
especializados. Os estaleiros construídos para atender às demandas de
equipamentos naval para exploração do pré-sal estão estagnados. Milhares de
empregos foram riscados do mapa. O governo resolveu desistir do conteúdo
nacional no setor.
O
Almirante Othon, pai da energia nuclear brasileira foi colocado atras das
grades, condenado a 43 anos de reclusão, mais do que a Sra. Susanne Richthofen,
que fez matar pai e mãe.
E,
no entanto, pouco interessou aos ávidos acusadores que a administração de meios
nessa área estrategicamente sensível não se pode fazer por rotinas comuns,
transparentes. Afinal, certos insumos para o programa não se adquirem pela
internet pagando com Pay-Pal. Mas isso é muito complexo para procuradores
ameganhados.
Ao
mesmo tempo, assistimos um assombrador crescimento de grupos fascistas na
sociedade. Pessoas embrutecidas pelo vício de uma linguagem violenta nas redes
sociais se distraem colocando para fora seu ódio contra as forças democráticas.
Sua presença, ontem, no banzé organizado pela “puliça” na esplanada dos
ministérios, mostra sua disposição de jogar o país no caos. O “quanto pior
melhor” só os aproveita. E quem apanha é a multidão pacífica que teve seu ato
infestado por atos de provocação dos brucutus bolsonaristas.
Enquanto
isso o Judiciário e o ministério público estão mais preocupados com seus
umbigos, temerosos de qualquer iniciativa legislativa que os venha chamar à
responsabilidade.
Não
se vê ação contra esse massacre aos direitos individuais e coletivos, mas
somente a cantilena do “combate” à corrupção, do julgamento falso-moralista da
classe política, como se o Brasil só agora tivesse despertado para as mazelas
do financiamento eleitoral e partidário.
Juízes,
nestes tristes tempos, falam pelo cotovelo. Emitem juízos antecipados sobre
processos em curso e até se sugerem a deputados e senadores como seus
conselheiros… impressionante a ousadia da burocracia sobre a democracia. O
poder que emana do povo já lhes deixou de ser sagrado há muito.
Não
há luz no fim do túnel. A única saída desse estado desesperador é a organização
da sociedade civil, para que tome em suas mãos a defesa da Constituição-Cidadã
e exija a mudança urgente do desgoverno por um governo legítimo saído das
urnas.
Essa
demanda urgente não pode ser desvirtuada com a de setores pouco afeitos à
democracia que namoram numa eleição indireta em 2017. Tratar-se-ia de mais um
golpe dentro do golpe, para manter a sociedade longe do comando sobre seu
destino.
Também
não podemos contar com um proativo Supremo Tribunal Federal que venha a
reinstituir a presidenta destituída à traição, pois essa corte mais está
preocupada com sua própria imagem na mídia conservadora que ajudou a tramar o
golpe contra a constituição.
Tenhamos,
pois, esses dois objetivos claros em mente: a defesa da carta maior gestada
numa constituinte eleita e a realização já de eleições para presidente. É o
único meio de o Brasil sair do lamaçal em que os golpistas o jogaram.
E
quanto aos inimigos da democracia, terão que pagar por seus atos covardes
perante a História, que saberá avaliar a gravidade da conspiração por eles
praticada contra o País.
Por
Fernando Brito
Do blog do
Marcelo Auler, o artigo do Subprocurador-geral da República Eugenio Aragão,
ex-ministro da Justiça:
http://www.tijolaco.com.br/blog/porque-estamos-virando-o-pais-da-estupidez/
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