Parece
piada. Agora Michel Temer quer enquadrar o ex-ministro da Cultura Marcelo
Calero na lei de Segurança Nacional. O balão de ensaio já foi lançado por
aliados seus como o presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados,
José Carlos Araújo (PR-BA).
Acusam
Calero de caluniar e difamar o presidente da República. Como assim, caluniar?
Ele tem provas do que diz.
O
crime do qual acusam Calero foi ter gravado as conversas com Temer e os
ministros Geddel e Eliseu Padilha, quando o pressionavam a tomar decisões a
favor da liberação da construção pelo Iphan de um prédio onde Geddel era
proprietário de um apartamento.
Ou
seja, o presidente, seus ministros e auxiliares seus queriam que um ministro
tomasse decisões ilegais para defender interesses particulares de outro
ministro. Simples assim.
Tanto
era verdade, que Geddel caiu.
Engraçado.
Agora falam de lei de Segurança Nacional. Mas por que se calaram há oito meses
suas excelências que hoje alegam ser absurda a simples hipótese de gravar uma
conversa com um presidente da República?
Não
vi nenhum deles naquela quarta-feira, 16 de março de 2016, criticando a PF por
ter executado e divulgado o grampo telefônico de um diálogo entre a presidente
Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, mesmo duas horas depois de o juiz Sérgio
Moro, ter ordenado a interrupção das interceptações de Lula.
Não
vi a grande mídia ou os senhores parlamentares agentes do golpe em ação
criticar o fato das gravações terem sido anexadas ao processo judicial de
investigação sobre a propriedade de um sítio usado por Lula em Atibaia (SP).
O
diálogo entre Dilma e Lula – no qual a presidente informa seu antecessor sobre
o encaminhamento de um termo de posse como ministro da Casa Civil, a ser usado
“em caso de necessidade” – foi interceptado pela PF às 13h32, e este horário
foi especificado em relatório
encaminhado pelos investigadores a Moro.
Ou
seja, o delegado que foi avisado por Moro sobre a interrupção das gravações,
Luciano Flores de Lima, mesmo sabendo que as gravações aconteceram cerca de
duas horas depois do momento em que já deveriam ter sido interrompidas,
determinou a anexação nos autos do áudio com Lula e Dilma.
Uma
curiosidade que neste caso faz sentido é que este delegado, Luciano Flores de
Lima é o mesmo delegado da PF que interrogou Lula em 4 de março, quando Moro
determinou condução coercitiva de Lula para depor.
Nada
acontece por acaso nos corredores da PF e da Operação Lava Jato.
A
divulgação do áudio da conversa entre a presidente Dilma Rousseff com Lula foi
uma total arbitrariedade e tinha o claro objetivo de estimular distúrbios para
justificar repressão aos movimentos sociais que lutavam contra o golpe em
andamento.
A
tentativa de enquadrar Calero na Lei de Segurança Nacional é demonstração clara
do sistema ditatorial e de rompimento dos direitos civis que estamos vivendo.
Espero
que o MP não ouse oferecer denúncia contra Calero e que as fitas venham a
público para que o Brasil enxergue com que tipo de gente estamos lidando.
Pau
que bate em Chico tem que bater em Francisco. O tipo de comportamento que valeu
pra ajudar a derrubar a Dilma tem que servir também para tirar o golpista Temer
do poder.
A
população brasileira está enojada diante de tanta hipocrisia. Vivemos numa
República de dois pesos e duas medidas. O momento é de darmos uma basta a essa
corja que tomou de assalto o Brasil. A hora é da verdade, gritando nas ruas
Fora Temer. Impeachment já.
http://www.brasil247.com/pt/colunistas/chicovigilante/267819/Gravar-Dilma-e-divulgar-o-grampo-pode-gravar-Temer-n%C3%A3o.htm
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