O
estrago da denúncia do ex-ministro Marcelo Calero na "imobiliária Palácio
do Planalto" é muito maior do que se poderia supor. O presidente
usurpador, reconhecendo a gravidade do momento, promoveu inusitada entrevista
num domingo, para se explicar pessoalmente.
A
presença dos Presidentes da Câmara e do Senado na entrevista presidencial
revela a tibieza de um impostor que perdeu qualquer capacidade de ação, que
chegou ao fim.
Temer
virou fantoche de um parlamentarismo informal, onde ele é um mero administrador
de interesses anti-republicados das maltas partidárias que, em troca, ministram
oxigênio para sua sobrevivência arrastada. Como disse FCH, Temer é frágil,
"mas é o que se tem".
Apesar
da demissão do ex-ministro Geddel, os desdobramentos do escândalo ainda estão
longe de terminar. A razão para isso é que os agentes imobiliários do Geddel –
Temer, Eliseu Padilha e outras autoridades palacianas –, estão centralmente
implicados nos crimes de tráfico de influência, advocacia administrativa e
prevaricação.
Trata-se
de crimes contra a administração pública, tipificados nos artigos 321, 332 e
319 do Código Penal brasileiro. O ministro Padilha e aqueles agentes implicados
já deveriam ter sido demitidos, ou pelo menos afastados até esclarecerem os
fatos narrados por Calero. No caso do Temer, que formalmente ocupa o cargo
usurpado de presidente da República, o procedimento legal, em razão disso, é a
instauração de um processo de impeachment.
Este
escândalo é uma prova de fogo para a Procuradoria-Geral da República. É um
teste para o procurador-geral Rodrigo Janot e seus justiceiros da moralidade
pública demonstrarem retidão funcional e compromisso com o dever
constitucional.
O
impeachment do Temer, ainda que seja um remédio previsto na Constituição e na
Lei – diferentemente da fraude contra a Presidente Dilma para perpetrar o golpe
de Estado – dada a natureza demorada do seu rito, postergará a superação da
quebra do Brasil causada pelo governo golpista.
Com
a delação dos diretores da Odebrecht, a situação ficará insustentável para
Temer e seus aliados, porque a força-tarefa da Lava Jato e a mídia não
conseguirão agir com seletividade diante das dezenas de políticos do bloco
golpista denunciados por corrupção.
A
renúncia de Temer, neste sentido, é a melhor saída para o Brasil. É necessário
abreviar o caos econômico e o sofrimento do povo, afetado por níveis crescentes
de desemprego, recessão e supressão de direitos.
Com
a renúncia ainda em 2016, a Constituição determina que se realize eleição
presidencial após 90 dias [artigo 81]. A sociedade brasileira teria, então, a
possibilidade de escolher um programa e um governo legítimo, com força política
e moral para superar esta terrível crise.
É
cada vez mais consensual no meio político a inviabilidade do Temer; sua
permanência no comando do país até 2018 é insustentável. A oligarquia golpista,
a despeito disso, manipula para mantê-lo até o início de 2017 para, dessa
maneira, escolher um sucessor de sua confiança em eleição indireta no Congresso
corrupto e ilegítimo, evitando o voto popular.
Esta
estratégia esconde o pânico da oligarquia com a realização de eleição direta
já. Como o justiceiro Moro ainda não concluiu seu plano obsessivo de condenar
ou prender Lula, o ex-presidente poderá se candidatar para concorrer numa
eleição direta, com chances reais de ser eleito novamente.
http://jornalggn.com.br/noticia/renuncia-de-temer-e-a-melhor-saida-para-o-brasil-por-jeferson-miola
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