E
quando você imagina que não existe mais forma possível da justiça brasileira
ser ridicularizada, eis que o ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez,
Otávio Azevedo, presta um segundo depoimento ao TSE para “esclarecer” a sua já
desmentida delação.
Após
ter sido miseravelmente desmascarado pela defesa da ex-presidenta Dilma quanto
à sua afirmação de que teria pago R$ 1 milhão de propina em forma de doação ao
diretório do PT, Azevedo agora muda completamente a sua versão.
Depois
que a cópia do cheque nominal ao golpista Michel Temer circulou pelos quatro
cantos do universo conhecido, subitamente, não mais do que subitamente, uma
clarividência divina iluminou a memória do nosso querido corruptor ao encontro
da “verdade”.
Sem
qualquer constrangimento, o iluminado “retificou” as suas declarações e o que
antes foi posto como fruto de propina paga “certamente” ao PT, como que num
passe de mágica, fazia parte do “cofre em separado” em que as “doações lícitas”
eram realizadas aos sempre honestos convivas do PMDB, PSDB, DEM e demais
incólumes partidos políticos.
A
mais nova – e cabível – versão dos fatos, surgiu nesta quinta (17) em novo
depoimento tomado pelo ministro do TSE, Herman Benjamin. O magistrado ouviu do
depoente que houve uma “confusão” de sua parte e que à luz dos acontecimentos,
não houve nenhum valor de propina da Andrade Gutierrez paga à companha
Dilma-Temer de 2014.
Fico
aqui me perguntando: quantas “confusões” essa verdadeira procissão de delatores
teria “cometido” à medida que os investigadores deixavam claro que a única
razão de ser de tudo isso é incriminar o PT, a esquerda e todos os movimentos
sociais e democráticos deste país?
Independente
das conclusões que inevitavelmente podemos chegar, o caso é que temos aqui mais
uma prova incontestável da parcialidade descarada com que a grande mídia, a
Polícia Federal, promotores e juízes vem conduzindo os trabalhos de apuração
dos indícios dos crimes investigados.
Outorgar
qualquer benefício previsto na lei de delações para um sujeito que claramente
obstruiu a justiça prestando falso testemunho no intuito evidente de prejudicar
um dos acusados, não só é uma afronta à sociedade civil quanto um atentado ao
ordenamento jurídico provocado pelos próprios membros do judiciário.
Isso,
é claro, num país onde as instituições realmente funcionam e que goza de uma
justiça verdadeira imparcial, o que, cristalino está, não é o caso do Brasil.
Devemos lembrar que a favor das “confusões” de Azevedo, existe sempre o
inestimável incentivo dado pelo juiz Sérgio Moro. Condenado a 122 anos de
prisão, o seu velho conhecido do Banestado, Alberto Youssef, após inúmeras
“confusões” e irrisórios 2 anos e oito meses de cadeia, poderá agora usufruir
de uma bela vista na zona sul de São Paulo.
Assim
funciona o sistema para aqueles que contribuem para os grandes interesses
envolvidos. E, sabemos todos, não cabem em termos publicáveis.
Tudo
exposto, no pastelão mexicano que se transformou todo o processo penal ligado à
operação Lava Jato e à cassação da chapa Dilma-Temer, apenas duas certezas são
admitidas: 1) a de que jamais criminosos se sentiram tão a vontade para
mentirem e 2) a de que os juízes envolvidos nunca se sentiram tão lisonjeados por
terem criminosos apoiando a sua forma de fazer política.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/11/andrade-gutierrez-e-justica.html
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