A
Carta Cidadã promulgada em 5 de outubro de 1988 pelo então presidente do
Congresso Nacional, Ulysses Guimarães, chega aos 28 anos nesta quarta-feira sob
intenso ataques, pasme, de parte do Judiciário.
Em
nome da “excepcionalidade” e em tempos de Lava Jato, parte do Poder Judiciário
rasga a Constituição Federal ao desrespeitar garantias fundamentais do cidadão
tais como o direito ao devido processo legal.
No
final de setembro, acórdão do TRF-4 deu aval para abusos de poder cometidos
pelo juiz Sérgio Moro nas investigações que apresentam “situações inéditas, que
escaparão ao regramento genérico, destinado aos casos comuns”.
“Claro
que a prisão preventiva é excepcional, mas, infelizmente, estamos em tempos
excepcionais”, concorda o magistrado da 13ª Vara Federal de Curitiba ao
defender a arbitrariedade das prisões – mesmo sem provas contra os acusados,
mesmo ferindo a presunção da inocência.
Os
procedimentos que remontam aos tempos da ditadura militar renderam ao juiz Moro
o “carinhoso” apelido de coronel Ustra das Araucárias, em alusão ao mais
atuante militar na repressão a presos políticos nos anos de chumbo — quando
chefiava o DOI-Codi (1970-1974), em pleno vigor do AI-5.
Juristas
de vários matizes políticas e ideológicas veem ataque à Carta Magna o
surgimento de um “estado de exceção” em nome de um pretenso combate à corrupção
no país.
Um
desses juristas, Lenio Streck, afirmou que o Estado Democrático de Direito está
em risco em virtude da Lava Jato. Incomodado com a crítica, o próprio Moro rebateu
o professor gaúcho pelo Facebook.
A
Lava Jato, além de instrumento inquisitorial, também optou pela evidente
partidarização — algo inédito no Judiciário brasileiro, não prevista na
Constituição.
A
operação do juiz Sérgio Moro foi o principal destaque nas eleições de 2016 e
responsável pela derrota do PT ao, sempre em nome da moralidade, prender,
indiciar, vazar informações, enfim, fez boca de urna que favoreceu partidos de
centro-direita.
Essas
agremiações partidárias que saíram vitoriosas nas urnas, pasme outra vez, são
justamente aquelas que atacam as conquistas na Constituição Cidadã promulgada
pelo Dr. Ulysses há 28 anos.
Portanto,
a Lava Jato mais do que representar um ataque frontal às garantias individuais
e fundamentais também — em nome do Judiciário e do suposto combate à corrupção
— representa um atalho para implodir as conquistas coletivas e o ideário de
nação soberana. Tudo com a anuência de parte do Ministério Público,
infelizmente.
Sob
esses intensos ataques, vindo de quem a deveria respeitar, quantos anos de vida
ainda têm a nossa “jovem senhora” Constituição Federal? Faça a sua aposta.
Por Esmael
Morais
http://www.esmaelmorais.com.br/2016/10/constituicao-federal-chega-aos-28-anos-sob-intenso-ataque-de-parte-do-judiciario/
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