quarta-feira, 14 de setembro de 2016

OPERAÇÃO FIM DA LAVA JATO: A LEI VALE PARA TODOS OU SÓ PARA ALGUNS?

A suposta polêmica Rodrigo Janot-Gilmar Mendes sobre delação da OAS esconde uma grave questão que precisa ser enfrentada: a lei vale para todos ou só para alguns? Somos uma República de fato ou ainda vivemos no Antigo Regime, em que a nobreza tinha privilégios e proteção judicial?

Claro que a ação da dupla Veja/Gilmar Mendes tem como objetivo final salvar Aécio, Serra e outros amigos ocultos, além de colocar toda a culpa no PT, encerrando a Lava Jato.

Assistimos à queda de Ela Wiecko e à ascensão de um procurador ligado a Aécio Neves para abafar tudo, como aponta Tijolaço.

A cada dia ficam mais claras a hipocrisia e a seletividade dos investigadores.

Fica mais claro ainda com a denúncia de o agora ex-advogado geral da União do governo Michel Temer. Ele foi demitido pelo ilegítimo porque queria multar as empresas em R$ 23 bilhões, saber quem era investigado e acelerar os acordos de leniência.

O que Temer fez com o seu ex-AGU é a prova cabal de obstrução de justiça.

Mas isso será objeto de atuação para Janot ou entrará para a lista do “deixa para lá” ou “não vem ao caso”?

O problema dessa estratégia é que faz ruir as instituições. O preço final será a desmoralização da Lava Jato e do Ministério Público Federal (MPF), ficando cada vez mais evidente que essa operação foi para bancar o golpe.

Só que essa conta amarga o MPF não quer pagar, gerando mais problemas.  E, com isso, a crise política vai se transformando lentamente em crise institucional.

A situação fica mais complexa quando se torna público que outros dois membros do Supremo também são investigados, o que levanta a suspeita de que os que berram contra podem estar no centro desta investigação.

Por trás de tudo isto, está o novo governo, tentando paralisar a Lava Jato. Mais do que isso: os acordos de leniência com a OAS e Odebrecht são o alvo, pois atingem o centro do poder dominante e fazem cair a máscara dos pretensos éticos.

Obviamente, a única saída legal é exigir que o princípio constitucional seja cumprido e que a lei valha, de fato, para todos.

Claro, que não prejulgando as pessoas e garantindo as perrogativas da própria Carta Magna. Lembro que uma pessoa ser citada não quer dizer ser culpada, até porque, para se defender pode acusar injustamente outras.

Enquanto cidadão, só posso fazer um apelo aos ministros do Supremo e aos membros do MPF: Não a rasguem a Constituição nem desmoralizem as instituições; deixem que as investigações sigam de forma republicana e sem perseguição às pessoas.

Ironicamente, os últimos incidentes provam que Lula e Dilma não tentaram acabar com a investigação e quem quer, de fato, fazer isso é o governo usurpador e golpista.

A desmoralização das instituições só ajudará a extrema direita e os que defendem a ditadura.

Façamos o possível e o impossível para que a crise do sistema político não seja uma crise institucional. Para isso, é vital que  valha para todos e não somente para alguns.

Por Francisco Luis, especial para o Viomundo


http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/luis-francisco-operacao-fim-da-lava-jato-a-lei-vale-para-todos-mesmo.html


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