A
suposta polêmica Rodrigo Janot-Gilmar Mendes sobre delação da OAS esconde uma
grave questão que precisa ser enfrentada: a lei vale para todos ou só para
alguns? Somos uma República de fato ou ainda vivemos no Antigo Regime, em que a
nobreza tinha privilégios e proteção judicial?
Claro
que a ação da dupla Veja/Gilmar Mendes tem como objetivo final salvar Aécio,
Serra e outros amigos ocultos, além de colocar toda a culpa no PT, encerrando a
Lava Jato.
Assistimos
à queda de Ela Wiecko e à ascensão de um procurador ligado a Aécio Neves para
abafar tudo, como aponta Tijolaço.
A
cada dia ficam mais claras a hipocrisia e a seletividade dos investigadores.
Fica
mais claro ainda com a denúncia de o agora ex-advogado geral da União do
governo Michel Temer. Ele foi demitido pelo ilegítimo porque queria multar as
empresas em R$ 23 bilhões, saber quem era investigado e acelerar os acordos de
leniência.
O
que Temer fez com o seu ex-AGU é a prova cabal de obstrução de justiça.
Mas
isso será objeto de atuação para Janot ou entrará para a lista do “deixa para
lá” ou “não vem ao caso”?
O
problema dessa estratégia é que faz ruir as instituições. O preço final será a
desmoralização da Lava Jato e do Ministério Público Federal (MPF), ficando cada
vez mais evidente que essa operação foi para bancar o golpe.
Só
que essa conta amarga o MPF não quer pagar, gerando mais problemas. E, com isso, a crise política vai se
transformando lentamente em crise institucional.
A
situação fica mais complexa quando se torna público que outros dois membros do
Supremo também são investigados, o que levanta a suspeita de que os que berram
contra podem estar no centro desta investigação.
Por
trás de tudo isto, está o novo governo, tentando paralisar a Lava Jato. Mais do
que isso: os acordos de leniência com a OAS e Odebrecht são o alvo, pois
atingem o centro do poder dominante e fazem cair a máscara dos pretensos
éticos.
Obviamente,
a única saída legal é exigir que o princípio constitucional seja cumprido e que
a lei valha, de fato, para todos.
Claro,
que não prejulgando as pessoas e garantindo as perrogativas da própria Carta
Magna. Lembro que uma pessoa ser citada não quer dizer ser culpada, até porque,
para se defender pode acusar injustamente outras.
Enquanto
cidadão, só posso fazer um apelo aos ministros do Supremo e aos membros do MPF:
Não a rasguem a Constituição nem desmoralizem as instituições; deixem que as
investigações sigam de forma republicana e sem perseguição às pessoas.
Ironicamente,
os últimos incidentes provam que Lula e Dilma não tentaram acabar com a
investigação e quem quer, de fato, fazer isso é o governo usurpador e golpista.
A
desmoralização das instituições só ajudará a extrema direita e os que defendem
a ditadura.
Façamos
o possível e o impossível para que a crise do sistema político não seja uma
crise institucional. Para isso, é vital que
valha para todos e não somente para alguns.
Por Francisco Luis,
especial para o Viomundo
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/luis-francisco-operacao-fim-da-lava-jato-a-lei-vale-para-todos-mesmo.html
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