Ao
contrário de muitos, este blog não festeja a execução pública de Eduardo Cunha
como um episódio edificante à democracia e à ética na política.
Óbvio
que é o papel de qualquer parlamentar decente votar pela exclusão de um tipo
abjeto destes do parlamento.
A
questão não são os decentes, são os indecentes.
Afinal,
há décadas todos sabem que Cunha é um mafioso e isso não o impediu de ter
maioria absoluta entre os deputados – os mesmos que hoje cortaram-lhe a cabeça
– para eleger-se presidente da Câmara.
O
que se revela é que, no parlamento brasileiro, nem mesmo prevalece a velha
história da “honra entre ladrões”. Os ladrões estão lá, mas nem nisso há honra.
Os
solitários 10 votos mostram que o agora esquálido e cambeta Cunha foi lançado
ao rio como “boi de piranha”, para que as forças que um dia o tiveram como “boi
sinuelo” – aquele que guia o rebanho – pudessem atravessar a água rasa da
moralidade.
Ainda
é cedo para saber se vai ser devorado sem tugir ou mugir – os comentaristas da
Globonews comemoravam na base do “agora
ele vai para as mãos de Moro – no estranho senso de justiça que anda por aqui.
Uma anomalia onde um juiz de província faz o Supremo parecer um bando de
lenientes e cúmplices da corrupção, de tanto que se comemora tirar de lá um réu
e jogá-lo ao “ferrabrás”.
Não
é previsível o que fará, se não houver um acordo para livrá-lo – à ele e à
mulher – do Torquemada curitibano. Num dos “melhores” momentos da noite, a
deputada Clarissa Garotinho disse – e Rodrigo Maia mandou retirar dos anais
(perdoem-me os que perceberem duplo sentido na palavra) da Câmara – que um dos papéis do decaído
deputado era o de “psicopata”.
Ele
não percebeu que, desde o dia em que comandou a implementação do processo de
impeachment – do qual exigiu da tribuna a paternidade – tornou-se um cachorro
morto para uma matilha de cães muito vivos.
Vivos
e vorazes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário