Os
protestos contra Michel Temer se intensificam por todo o país à medida que a
debilidade do seu governo, e a sua em particular, vai ficando mais evidente.
Neste
próximo domingo, 18, por exemplo, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo
voltam à avenida Paulista numa manifestação que promete ser maior que a da
semana passada – reuniu 60 mil pessoas e consolidou a tese de que os jovens
estão mesmo dispostos a se manter na rua contra o que consideram um golpe
contra a democracia.
A
impopularidade é apenas uma das facetas de Temer.
Além
de sua perversa trajetória rumo ao poder e sua postura retrógrada, que são os
principais pontos levantados nos protestos, o atual ocupante do Alvorada também
tem o nome citado na Lava Jato.
Temer
é acusado, entre outras coisas, de solicitar R$ 1,5 milhão em propina para a
empreiteira Queiroz Galvão. O dinheiro seria usado para financiar a campanha de
um aliado nas eleições em 2012.
Já
sabíamos que o presidente não era nenhum santo, mas agora as evidências
concretas estão colocadas na mesa, na forma de processo criminal.
Não
bastasse as citações, Temer está apavorado com o desfecho da cassação de seu
amigo, e também alvo da Lava Jato, Eduardo Cunha.
Temer
sempre atuou nos escaninhos do poder.
Foi
assim, nas sombras, como na vez em que se encontrou com Cunha na calada da
noite de um domingo, que consolidou sua carreira política. Por isso não
surpreende a sua inépcia em lidar com assuntos, seja ele qual for, que se
relacionem à opinião pública.
O
vice decorativo que o Brasil passou a conhecer, a se considerar o seu
ministério machista, o gestual brega e, principalmente, a agenda conservadora e
anti-popular, se revelou um homem arcaico. Um típico fora de moda. E,
convenhamos, aos 76 anos não lhe resta mais tempo, tampouco disposição, para se
reciclar.
Não
surpreenderia, portanto, se fosse descartado pelos próprios aliados.
E
fazer isso acontecer é mais simples do que você pode imaginar.
De
acordo com o artigo 81 da Constituição Federal, diante da vacância do
presidente e de seu vice nos dois últimos anos do mandato presidencial, a
eleição para ambos os cargos deve ser indireta e comandada por deputados e
senadores.
Significa
que, para o Congresso ter a prerrogativa de eleger um novo mandatário de forma
indireta, basta cozinhar Temer em banho-maria até o réveillon – ou seja,
mantê-lo na presidência por mais alguns meses até que ele se inviabilize por si
só.
É
uma tese que começa a ganhar corpo e que tem tudo para se consolidar. Inclusive
porque há duas importantes frentes, o PSDB e o empresariado, que podem se
interessar por uma saída nesta direção.
Para
os tucanos, seria a forma de legitimar o impeachment de Dilma, minimizando a
vergonha alheia no exterior e, na melhor das hipóteses, apostando na
possibilidade de indicar um “salvador da pátria” – Serra ou Aécio, para ficar
em apenas dois nomes.
Já
os representantes do mercado, que têm interesse no ministro da Economia,
Henrique Meirelles, poderiam finalmente colocar em prática as reformas que
Temer prometeu, mas que não está conseguindo entregar.
Com
Eduardo Cunha ameaçado de prisão, a temperatura tende a se elevar. E se tem uma
coisa que Temer está mostrando que sabe fazer bem feito é se atrapalhar nos
momentos difíceis.
Enquanto
isso, nas ruas o bloco dos descontentes só aumenta: neste domingo mesmo os
protestos ganham o apoio institucional do PSTU – o presidente nacional do
partido, Zé Maria, garantiu que estará lá pessoalmente para incentivar a Greve
Geral a partir do final do mês.
Dois
outros importantes adversários na disputa pela prefeitura de São Paulo,
Fernando Haddad e Luiza Erundina, já estão discursando de mãos dadas pela saída
do que consideram o “usurpador e golpista”.
Temer
está virando o único que pode trazer o que tanto prega: a pacificação e a
unificação do país.
Só
que não com ele no papel de presidente.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/aliados-de-temer-ja-pensam-em-descarta-lo-em-nome-de-eleicoes-indiretas-em-2017-por-jose-cassio/
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