Ex-rival
de Hillary Clinton nas prévias do Partido Democrata dos Estados Unidos, o
senador Bernie Sanders divulgou comunicado nesta segunda-feira (8) no qual
condenou e pediu que o governo americano "tome uma posição definitiva
contra os esforços para remover a presidente democraticamente eleita do Brasil",
Dilma Rousseff. Ele defendeu ainda a realização de eleições presidenciais
antecipadas para resolver a crise política brasileira.
Alvo
de um processo de impeachment, a petista foi afastada pelo Senado brasileiro no
dia 12 de maio. O julgamento definitivo de Dilma deve acontecer até o fim deste
mês.
"Para
muitos brasileiros e observadores, o controverso processo de impeachment mais
se assemelha a um golpe de Estado", declarou o ex-pré-candidato, que ainda
se disse "profundamente preocupado" na nota publicada em seu site
oficial.
"Depois
de suspender a primeira presidente mulher do Brasil por razões duvidosas, o
novo governo interino, sem um mandato para governar, aboliu o Ministério das
Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Eles imediatamente
substituíram uma administração diversificada e representativa por um ministério
composto inteiramente por homens brancos", descreveu Sanders.
O
senador independente, conhecido por suas posições progressistas, afirmou ainda
que a nova administração, "não eleita", rapidamente anunciou planos
para impor austeridade, aumentar a privatização e instalar uma agenda social de
direita.
"O
esforço para remover a presidente Rousseff não é um julgamento legal, mas
político. Os Estados Unidos não podem sentar-se em silêncio enquanto as
instituições democráticas de um dos nossos aliados mais importantes são
minadas. Nós devemos dar suporte às famílias trabalhadoras do Brasil e exigir
que esta disputa seja resolvida com eleições democráticas", conclui o
senador.
Em
entrevista à BBC Brasil na semana passada, a presidente afastada disse que é
preciso "lutar" pela realização de um plebiscito que consulte a
população sobre a necessidade de uma eleição presidencial antecipada. O próximo
pleito está previsto para 2018.
Caso
o Senado brasileiro decida pelo impeachment, o presidente em exercício, Michel
Temer, que assumiu interinamente o cargo há quase três meses, cumprirá o resto
do mandato.
Sempre
que perguntado sobre o assunto, Temer tem repetido que o processo de
impeachment é legítimo.
A
reportagem tentou, mas não conseguiu entrar em contato as assessorias de
imprensa de Dilma e da Presidência da República, na noite desta segunda.
Apoio
de deputados
O
apoio de Sanders à Dilma não foi o primeiro de membros do Congresso dos Estados
Unidos. No mês passado, uma carta endereçada ao secretário de Estado americano,
John Kerry, que esteve no Brasil na última semana para assistir à cerimônia de
abertura dos Jogos Olímpicos, foi assinada por pelo menos 39 deputados (dos
435).
"Escrevemos
para expressar nossa profunda preocupação com acontecimentos recentes no
Brasil, que acreditamos ameaçar as instituições democráticas daquele
país", diz um trecho do documento, que também pede que Kerry tenha a
"máxima cautela" nos contatos com o governo interino de Temer e evite
ações e declarações de apoio ao impeachment de Dilma.
http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2016/08/08/bernie-sanders-condena-afastamento-de-dilma-e-pede-acao-do-governo-dos-eua.htm
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