É
impressionante o pavor histórico que os capitalistas têm do comunismo. Basta
mencionar a palavra “comunista” que alguns direitistas entram em pânico.
Interessante que a recíproca não é verdadeira: comunistas e socialistas não têm
nem nunca tiveram o menor medo dos capitalistas. Nossa reação diante do
capitalismo sempre foi de desprezo e de luta, jamais de covardia.
O
medinho que os reaças sentem do comunismo é tão grande que agora querem proibir
que se mencione em sala de aula o nome de Karl Marx, um dos filósofos mais
importantes da história da humanidade. Recentemente, uma brincadeira feita por
estudantes no Paraná, que transformaram as ideias marxistas em um funk, causou
chiliques na direita brasileira ao ponto de a professora que ensinava a matéria
ser suspensa.
Afinal,
o que pode acontecer quando uma professora ensina sobre marxismo em classe? Na
cabeça dos reaças, o efeito óbvio é que todos os alunos se tornarão comunistas.
Quem dera fosse verdade! A direita trata os jovens como se eles não fossem
seres pensantes, capazes de discernir sobre o que concordam ou discordam. Ainda
mais na escola, quando a coisa mais comum do mundo é pensar o oposto do que o
professor fala… Engraçado que a lavagem cerebral empreendida pela mídia (de
direita), muito mais efetiva, não os incomoda nem um pouco, né?
Bem,
vou levantar aqui algumas hipóteses para o medo, o pânico, a paúra, dos
direitistas diante do comunismo. Acompanham o post cartazes clássicos de
propaganda anticomunista da guerra fria, época que a direita brasileira
aparentemente nunca superou.
Hipótese 1: Os reaças
têm medo do comunismo porque acham que serão assassinados quando “o comunismo
chegar”
O
ataque aos comunistas tendo como base fatos ocorridos no século passado é um
must entre a reaçada que pouco leu de fato sobre o socialismo. Eles adoram se
referir aos regimes totalitários que mataram em nome do comunismo no início do
século 20 e também aos fuzilamentos do regime cubano. Falam em “milhões de
mortos” pelo comunismo, embora prefiram ignorar a quantidade de mortos pelo
capitalismo, por fome e guerras, desde que os países comunistas acabaram, 25
anos atrás. Cuba já não fuzila ninguém desde 2003. Naquele ano, comunistas
históricos como José Saramago protestaram e romperam com Fidel Castro, mas não
deixaram de ser comunistas ou socialistas –assim como muitos dos perseguidos por
Stalin foram comunistas até à morte. Enquanto isso, os EUA, por exemplo,
continuaram assassinando gente no seu país e no dos outros: calcula-se que o
governo norte-americano tenha matado cerca de 9 milhões de pessoas no Oriente
Médio e na Eurásia entre 1945 e 2015. Além disso, a ideia de luta armada foi
sendo revista ao longo das últimas décadas pelos próprios esquerdistas –eu, por
exemplo, acredito que não há mais espaço para este tipo de coisa, acho que a
revolução datou e que a defesa de uma sociedade armada combina muito mais com a
direita. Finalmente, não há nada mais improvável atualmente do que a “chegada”
do comunismo. Este medo, portanto, é uma viagem das mais insanas. Ter medo da
polícia é mais racional: só em 2015, a polícia do Rio de Janeiro matou 25
pessoas a cada policial morto, segundo a Human Rights Watch.
Hipótese 2: Os reaças
têm medo do comunismo porque acham que os comunistas confiscarão seus bens
Vivemos
em sociedades democráticas e os partidos comunistas estão sujeitos a todas as
regras que valem para os demais partidos. É mais fácil o PSDB, que está no
governo, confiscar os bens de alguém do que os partidos comunistas. Ou a
Petrobras não é um bem nosso, do povo brasileiro? O PCdoB está governando o
Estado do Maranhão há dois anos. Perguntem aos maranhenses se perderam alguma
coisa ou se ganharam desde que a oligarquia dos Sarney foi derrotada pelo
comunista Flávio Dino. O que nós, comunistas e socialistas, queremos não é
confiscar os bens das pessoas e sim que todos tenham direito a possuir bens. Na
verdade, o que a direita parece temer é que a maioria dos cidadãos possam ter
acesso aos bens de consumo que eles tanto endeusam, porque aí deixarão de se
sentir “diferenciados” da população em geral.
Hipótese 3: Os reaças
têm medo do comunismo porque acham que o Brasil vai virar uma Venezuela
Para
começo de conversa, cada país tem suas próprias características geográficas,
raciais, econômicas etc. e sua própria história. É impossível, portanto, que um
país se transforme em outro. Os problemas da Venezuela estão relacionados ao
governo e à oposição de lá, e não ao socialismo. Não é o socialismo quem está
mandando os empresários esconderem produtos para sabotar o presidente Nicolás
Maduro; e não é o socialismo quem está fazendo Maduro tomar decisões
equivocadas. Esta confusão entre governo e socialismo é uma constante entre a
direita, claro que proposital. Não interessa aos direitistas que as pessoas se
deem conta de que o socialismo é uma forma de ver o mundo, independentemente de
quem está no governo. Curioso é que ninguém culpa o capitalismo pela fome na
África, embora praticamente todos os países africanos sejam capitalistas. Por
que, em vez de temer que o Brasil se transforme numa Venezuela, não temem que o
Brasil se torne um Paraguai, um dos países com maior desigualdade da América do
Sul, segundo o Banco Mundial, e que também foi alvo de um golpe, em 2012?
Hipótese 4, a mais
provável: Os reaças têm medo do comunismo porque sabem que se as pessoas
souberem dos problemas do capitalismo, irão se rebelar
Embora
se digam “defensores da liberdade de expressão”, o que os direitistas mais
desejam, no fundo, é que as pessoas não sejam informadas sobre os graves
problemas do capitalismo, coisa que os comunistas e socialistas são capazes de
fazer melhor do que ninguém: não existe capitalista com autocrítica. A maior
missão do socialismo e do comunismo sempre foi, sem dúvida, apontar as
desigualdades, as injustiças e as perversidades do sistema capitalista. Uma vez
que a pessoa se dá conta disso, é claro que não vai mais se submeter, abaixar a
cabeça. E é aí que mora o perigo para os exploradores: seus empregados não vão
aceitar salários de fome nem condições de trabalho indignas. Os estudantes não
vão se calar diante de uma educação opressora. Negros e mulheres irão se
levantar contra a intolerância e o preconceito. Homossexuais conquistarão seu
espaço na sociedade. E os camponeses continuarão a lutar contra os
latifundiários pelo direito de ter terra para plantar. O medo que a direita tem
do comunismo é, em suma, o medo da conscientização e, consequentemente, da
rebelião. Querem manter o status quo a todo custo e, para isso, é preciso calar
os inconformistas. Neste aspecto, os reaças têm toda razão para temer o
comunismo: é somente a nossa crítica quem ameaça a manutenção de seus
privilégios. Outro medo dos direitistas é que os comunistas façam as pessoas
perceberem o vazio da sociedade de consumo. Sem o pilar do consumo excessivo,
sobre o qual se sustenta, o sistema capitalista pode desmoronar a qualquer
momento. E, sim, é verdade que nós, socialistas e comunistas, dedicamos a nossa
vida a pregar contra a sociedade de consumo e a escravidão que ela significa
para os seres humanos e seu potencial de destruição para o planeta. Nós,
comunistas e socialistas, acreditamos que é mais importante ter tempo para
desfrutar a vida e os nossos entes queridos do que gastar nossas existências
trabalhando como máquinas, apenas para obter mais e mais bens materiais. Esta
nossa certeza faz chacoalhar a direita –de pavor de que estejamos certos.
http://www.socialistamorena.com.br/por-que-os-capitalistas-tem-medo-dos-comunistas/
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