Os últimos acontecimentos
mundiais deveriam pautar obrigatoriamente qualquer posicionamento nacional
diante da crise politica interna.
No entanto, a impressão que
se tem atualmente é que a velha e histórica prática de abrir qualquer reunião
política com “análise de conjuntura” foi esquecida. Não se avaliam mais
cenários, a situação internacional não existe e geopolítica é coisa de
“teóricos da conspiração”.
Mas, vamos então aos tais
fatos, que deveriam ser considerados para definir táticas e estratégias, além
das disputas eleitorais e por cargos nas burocracias.
O golpe na Turquia. Apesar
das poucas informações, parece clara a mão americana. Ao que tudo indica, o
presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, estava apostando em distensionar
as relações com a Rússia. O que, evidentemente, não interessaria aos Estados
Unidos. Então, tome golpe.
Atentado na França.
Independente da autoria, o fato concreto é que ajudou a política belicista
americana. A primeira declaração do presidente da França, François Hollande,
foi para dizer que o país vai intensificar os ataques na Síria. O parceiro
recalcitrante foi enquadrado na marra.
Guerra econômica na
Venezuela. Na fila para o golpe, a Venezuela sofre com o ataque criminoso à sua
economia. Os empresários nacionais e estrangeiros, principalmente, investem
suas fichas no desabastecimento, forçando filas e caos. O alvo, uma das maiores
reservas de petróleo do mundo.
“Impeachment” na África do
Sul. A mão americana também tentou afastar o presidente Jacob Zuma por meio de
um impeachment fraudulento. Em abril, no entanto, o Parlamento derrotou a farsa
por 233 votos contra e 143 a favor. Lembrando que a Africa do Sul é o “S” do
BRICS.
Macri na Argentina. Depois
do Paraguai, atacaram a Argentina. Derrotaram Cristina Kirchner e elegeram o
neoliberal Macri. Além de atacar direitos sociais, já colocou o país de quatro
para os americanos. Recentemente, Macri autorizou a instalação de duas bases
militares no país.
O teste com Lugo. O
presidente paraguaio Fernando Lugo foi afastado pelo Parlamento em junho de
2012. O teste do “golpe maestro” jurídico-policial-parlamentar obteve a sua
primeira vitória. A embaixadora americana, Liliana Ayalde, em seguida, foi
transferida para o Brasil.
O impasse do Brasil. Deram a
largada para o golpe com a “primavera árabe” em 2013. Depois, com a Lava Jato
em curso, apostaram as fichas nas eleições. Derrotados, investiram no
judiciário e no parlamento. Recentemente, descolocaram do Afeganistão para o
Brasil, um embaixador especialista em “conflitos internos”.
Enfim, os Estados Unidos
operam abertamente a sua política – ou a sua geopolítica – internacional com o
objetivo de desestabilizar economias e destruir Nações e regiões. Como estão
quebrados, não tem mais o que oferecer ao mundo, nem investimentos, promessas
de riqueza e prosperidade. Precisam da miséria e do caos para manter o seu
Império.
É nesse quadro que o Brasil
está inserido, e é dentro dele que devem ser pensadas alternativas e soluções
para o atual impasse político. É importante ganhar prefeituras, eleger
vereadores, mas não se pode abrir mão de pensar mais adiante. O Brasil precisa
de um novo projeto de Nação, considerando seu papel, seu protagonismo, no
mundo.
O presidente Lula enfrentou
o primeiro abalo sísmico do capitalismo em 2008, apostando no mercado interno,
em relações multilaterais, no protaganismo do Brasil e na auto-estima do povo.
Tudo que os interinos-golpistas-entreguistas pretendem liquidar, para retornar
a um alinhamento unilateral, submisso e suicida ao belicismo destrutivo dos
Estados Unidos.
Não basta juntar as
lideranças e formar uma frente política, como se isso por si só apontasse um
rumo para a luta no país. É preciso saber o que dizer, mostrar o caminho, sem o
que a militância, as pessoas, a sociedade não se mobilizará. O que está em jogo
é a existência do Brasil enquanto Nação independente e soberana. Entender isso
é o primeiro passo.
Por
Fernando Rosa, Senhor X
http://www.ocafezinho.com/2016/07/16/o-imperio-esperneando-em-todas-as-frentes/
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