Assim como no amor e na
vida, o Brasil que se vê na tevê e nos jornais, ave, é um país que escolheu a
fantasia do golpe político.
Precisamos falar sobre o
jornalismo brasileiro que só julga puta, preto e petista, quase sempre
atendendo um juiz moral de primeira instância. O resto é só tornozeleira
eletrônica ou, se for tucano, inimputável, jamais cadeia. Resta uma pergunta
sobre a ideia de justiça: todos iguais perante a lei, não sei?
Rapaz, que prendam os
petistas, mas por que só os petistas? Por que o juiz Sérgio Moro, o mesmo do
escândalo do Banestado, rombo maior que o Petrolão, nunca prendeu um tucano,
ave tão envolvida quanto? O Banestado talvez seja o maior roubo de todos os
tempos no Brasil, mas quem diz que isso interessa à imprensa brasileira!
Chega de pergunta. Para.
Parei. Moro deve ter suas razões nesse caso, que se explique.
Precisamos falar sobre o
jornalismo brasileiro que só julga puta, preto e petista Não sou puta, quem
dera...
Não sou porra nenhuma, mas
já votei com muito gosto em Lula, o maior presidente da República do Brasil de
todos os tempos, o cara que botou o Nordeste na bonita roda da ciranda do
avanço, só Luiz Inácio fez a grandeza, repito, que fodido (sic), com todo
respeito.
Só há uma ideia de justiça:
a que vale para todos. Se não for assim, não há justiça, a humanidade toda sabe
disso. Não adianta a TV foder só e sempre um lado, minha mãezinha tá de olho e
sabe das coisas da vida, caro Vonnegut. Não adianta.
Deixa quieto, fica a
provocação de fato, meu meu amado Kurt? Sofreria deveras se me interessasse,
por exemplo, sobre como o jornalismo brasileiro cobre a realidade. Deixa o
sorvete da vida popular sem cobertura. Não cobre.
Sim, andei lendo o “número
zero”, livro de Umberto Eco, que porrada no jornalismo mentiroso, mas deixa
quieto. Prefiro falar sobre outro tipo de ficção. O amor de fato, por exemplo,
se vinga, moçada.
Golpe do golpe
Assim como no amor e na
vida, o Brasil que se vê na tevê e nos jornais, ave, é um país que escolheu a
fantasia do golpe político. Que triste. Óbvio que a esquerda brasileira, de tão
desunida, nossa!, acaba referendando, a maior sacanagem de direita, com ajuda
midiática golpista, de todos os tempos.
Deixa quieto um caralho.
Epa! Sem palavrão, seu cronista. Cadê o lirismo de Paulo Mendes Campos, cadê?
Yes, sempre careço da ajuda
do velho Kurt Vonnegut. Ele que me deixa instigado. Também me segura. Já iria
mandar a direita pra puta q o...
Como pode, por exemplo, o
golpe seguir com esse silêncio todo? O golpe parlamentar sem um editorial
contra essa safadeza, sem um jornal digno contra essa escrotidão toda.
O Brasil vive o maior golpe
de Estado silencioso de todos os tempos...
O que mais intriga é que o
golpe, com ajuda midiática, não tenha mais ninguém nas ruas contra essa
barbárie.
Perdão. Tem sim. Os
brasileiros de verdade, os sem-teto e os sem terra, num país que não conseguiu
fazer reformar agrária desde 1500, estão na peleja. Estou com eles, sempre.
Xico Sá, escritor e
jornalista, é autor de “Big Jato” (editora Companhia das Letras), e
comentarista do “Redação Sportv”.
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/15/opinion/1468596461_510131.html?id_externo_rsoc=Fb_CM
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