O
mês de agosto deste 2016 reserva uma decisão de importância capital para o
futuro do Brasil: o impeachment fraudulento da Presidente Dilma ou será
derrotado ou será aprovado no Senado da República.
A
evocação de outros agostos dramáticos da história do país é inevitável. Na
madrugada de 24 daquele agosto de 1954, os fascistas ancestrais dos golpistas
de hoje, portadores de idênticos propósitos anti-nação e anti-povo que os
atuais, levaram Getúlio Vargas ao suicídio.
No
25 de agosto de 1961, a mesma oligarquia golpista que perpetra o golpe atual
tentou impedir que o vice-presidente João Goulart substituísse o ex-presidente
Jânio Quadros, que havia renunciado ao mandato. Foi, porém, derrotada pela
Campanha da Legalidade dirigida pelo então governador gaúcho Leonel Brizola,
que garantiu a posse de Jango na Presidência.
Em
agosto próximo, a votação da farsa do impeachment no Senado terá
obrigatoriamente um desfecho: ou vence a democracia e a Constituição, ou vencem
os golpistas conspiradores.
O
resultado deste processo definirá o ambiente e o padrão da luta política no país
para o próximo período. Na eventualidade de se consumar o golpe de Estado, o
papel reservado às forças de esquerda, progressistas e democráticas deverá ser
do combate permanente e sem concessões ao governo usurpador.
O
golpe de Estado cria uma circunstância excepcional, de ruptura da ordem
democrática e constitucional vigente – que só é disfarçada como “normalidade
institucional” pela cobertura do Poder Judiciário aos conspiradores. Um governo
usurpador, que assalta o Poder com um golpe de Estado, não merece sofrer a
oposição institucional e parlamentar convencional, porque deve ser denunciado e
combatido com vigor, durante todo o tempo que durar a ilegitimidade, até que a
democracia e a Constituição sejam restauradas.
O
objetivo dos golpistas é executar rapidamente o plano nefasto que jamais seria
sufragado nas urnas: acabar com os direitos trabalhistas e previdenciários;
destruir o SUS, as políticas sociais e o sistema de educação; entregar as
riquezas, o petróleo e as terras do país a estrangeiros; subordinar o Brasil
aos interesses das potências e transferir a renda pública nacional para a
especulação financeira internacional.
Michel
Temer, ironicamente, tem manifestado o desejo de conversar com Lula uma vez
consumado o golpe. Uma frase resume a mensagem que o presidente usurpador
deveria ouvir: não há diálogo com conspiradores; há muita resistência, luta
popular e combate sem trégua aos golpistas!
Na
eventualidade de derrota do impeachment, Dilma reassume o mandato que começou a
ser ilegalmente interrompido na decisão da “assembléia geral de bandidos
comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha”, como define a imprensa
internacional a deplorável sessão de 17 de abril da Câmara dos Deputados.
Nos
círculos da resistência democrática, discute-se se Dilma, uma vez reassumindo o
mandato, deveria propor a realização de plebiscito no qual o povo decidiria a
respeito da antecipação da eleição presidencial. Na prática, esta proposta tem
o mesmo efeito do golpe, ou seja, a subtração de tempo do mandato conferido a
ela por 54.501.318 brasileiros/as.
Seria
impensável o Brasil assumir a punição implacável que o governo da Turquia
aplicou aos golpistas derrotados daquele país. A ausência de castigo severo aos
golpistas, por outro lado, deixa a democracia brasileira em permanente
suspense; deixa a ordem democrática à mercê do animus golpista que de tempos em
tempos – ou, de agostos em agostos – brota do DNA da oligarquia golpista. A
impunidade é nefasta para a democracia.
http://www.viomundo.com.br/politica/jeferson-miola-depois-da-farsa-do-impeachment.html
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