Geoffrey
Robertson, contratado pela defesa de Lula para representá-lo na Comissão de Direitos
Humanos da ONU, já advogou para Julian Assange, dono do Wikileaks, para o
ex-lutador de boxe Mike Tyson e para o autor indiano Salman Rushdie.
Robertson
foi duro com Sérgio Moro. “Seus telefones, os de sua família e advogados estão
grampeados. As transcrições, bem como o áudio das conversas, estão sendo
liberados para uma imprensa hostil. O juiz está invadindo sua privacidade e
pode prendê-lo a qualquer momento e, em seguida, pode ser julgado sem um júri”,
disse ele.
“Na
Inglaterra, nenhum magistrado poderia agir dessa maneira. Ele age como uma
comissão anticorrupção de um homem só.” É a primeira vez que um brasileiro
recorre a essa instância para questionar as instituições do país.
Quem é
Geoffrey Robertson?
Resumindo,
ele está do lado oposto ao de Moro no sentido profissional e filosófico. O
Independent fez um bom perfil dele na época do imbroglio Assange. Destaco
alguns trechos:
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“A transparência conduz a um governo melhor.” Essas palavras poderiam ter vindo
de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, preso e detido em Londres, aguardando
a extradição para a Suécia acusado de estupro. Mas elas podem ser encontrados
nas memórias do homem que se mantém entre Assange e o processo no exterior:
Geoffrey Robertson.
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Aqueles que têm seguido a carreira de Robertson não ficaram surpresos ao vê-lo
encurtando suas férias para vir defender seu compatriota australiano.
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Para Robertson, “a justiça é um grande jogo porque proporciona a oportunidade
de ganhar do mais poderoso, do próprio estado. Isso não significa que Davi vai
necessariamente matar Golias, mas as leis da batalha irão impedir Golias de
matar Davi de maneira desleal”.
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Geoffrey Ronald Robertson nasceu em 1946 e cresceu em uma casa confortável nos
subúrbios de Sydney. Ele quis entrar para o direito depois de ler o processo de
Lady Chatterley em 1960 e de ver o desempenho do advogado de defesa, Gerald
Gardiner.
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Afligido por acne quando adolescente, ele não socializava muito e desenvolveu
os hábitos de um workaholic. Robertson era um aluno sério, com, em suas
próprias palavras, “uma perspectiva individualista e um pouco puritana”.
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Ele chegou ao Reino Unido em 1970, achando que a bolsa de estudos em Oxford
seria um “desvio agradável” antes de iniciar uma carreira em Sydney. Acabou
ficando na Inglaterra.
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Iniciada em 1973, sua carreira no Reino Unido é notável, com várias causas
célebres. Em 1978, ele defendeu dois jornalistas acusados de violar segredos
oficiais quando entrevistaram um oficial de inteligência. A absolvição dos
jornalistas foi uma vitória histórica para a liberdade de imprensa.
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O foco de Robertson se deslocaria para os direitos humanos e a
responsabilização dos governos. Na década de 1990, ele defendeu os quatro
diretores da fábrica de ferramentas Matrix Churchill acusados de fornecer
ilegalmente armas a Saddam Hussein. O julgamento entrou em colapso depois que o
juiz rejeitou as tentativas por parte do governo de suprimir documentos-chave.
Um inquérito judicial subsequente descobriu que ministros tinham realmente encorajado
a venda de armas.
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Robertson esteve no centro das atenções novamente quando defendeu o jornal The
Guardian num processo de difamação movido por Neil Hamilton, do Partido
Conservador.
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Houve outros casos menos famosos, mas não menos importantes. Como QC
[Conselheiro da Rainha, cargo honorífico], ele processou o ditador malauiano
Hastings Banda e defendeu dissidentes detidos por Lee Kuan Yew, de Singapura.
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A vida privada de Robertson tem sido tão agitada quanto a pública. Seu
casamento com a romancista australiana Kathy Lette o manteve nos holofotes da
mídia. Os dois se conheceram em Brisbane em 1990, quando participavam de um
programa de televisão na Austrália. Ambos estavam em relacionamentos naquele
momento, Robertson com a chef Nigella Lawson e Lette com o executivo de
televisão australiano Kim Williams. “Os opostos se atraem” é a explicação de
Robertson para a união improvável do advogado liberal com a autora de obras
como “Atração Fetal” e “Homens – Um Guia do Usuário”. O casal tem dois filhos,
Georgina e Julius.
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Robertson escreveu livros polêmicos. Um deles era um julgamento do papa e do
Vaticano, outro um trabalho histórico acadêmico sobre John Cooke, o advogado
que assumiu a tarefa de processar Charles I após a Guerra Civil inglesa.
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Robertson não é para todos os gostos. Direitistas não gostam dele. Católicos
ficam irritados com seu antipapismo. E o apoio de longa data ao
intervencionismo militar humanitário como um meio de levar os criminosos de
guerra e violadores dos direitos humanos à justiça levou-o a uma posição um
pouco estranha sobre o Iraque. Na edição de 2006 de seu livro “Crimes Against
Humanity” ele fala da “retidão moral de derrubar Saddam Hussein e a ilicitude dos
meios utilizados para fazê-lo”, com a implicação de que o erro de George W.
Bush foi apenas de usar a justificativa errada para o invasão.
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Em suas memórias, ele descreve como, na sua opinião, a lei pode servir como uma
“alavanca para a libertação”. É uma filosofia que orienta toda a sua carreira,
seja na corte, no estúdio de televisão, ou nos livros. Seus hobbies são tênis,
ópera e pescaria.
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/homem-de-causas-celebres-quem-e-geoffrey-robertson-o-advogado-de-lula-na-onu-por-kiko-nogueira/
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