Não
importa a votação final do Senado, Dilma já foi absolvida pela história e os
golpistas condenados.
Ficou
cabalmente provado que ela não cometeu o crime que lhe foi imputado na peça
infame do impeachment.
Dilma
não pedalou.
Ficou
cabalmente provado, igualmente, que seu afastamento foi um golpe cínico,
canalha, despudorado da plutocracia corrupta e predadora.
O
objetivo em nenhum momento foi combater a corrupção. Isso serviu apenas de
pretexto, como em 54 com Getúlio e 64 com Jango.
Se
quisessem erradicar a corrupção, jamais o maestro do golpe teria sido Eduardo
Capone Cunha e nem o beneficiário principal Michel 6% Temer.
A
finalidade era conquistar o Estado por outro meio que não os votos e, uma vez
feito isso, estabelecer um governo destinado a favorecer os plutocratas. Para
tanto, programas sociais foram sendo postos no lixo mesmo sem Temer ser
efetivado.
Temer.
FHC. Aécio. Serra. Famílias Marinho, Frias, Civita e Mesquita, ao lado de seus
comentaristas e editores de alto poder de famulagem. Sérgio Moro. Gilmar
Mendes. O STF no conjunto.
Todas
os nomes listados acima, apenas alguns entre tantos, são a escória destes
tempos dramáticos para a democracia brasileira. E assim a posteridade os
reconhecerá: seus filhos e netos haverão de se envergonhar de seu papel no
golpe plutocrata.
Com
Dilma é o oposto.
Ela
foi claramente vítima de homens corruptos, ricos e inescrupulosos.
Não
teve chance de governar desde que iniciou o segundo mandato que garantiu graças
a 54 milhões de votos.
Foi
imediatamente perseguida. Caçada. Aécio e FHC contestaram os votos das formas
mais sujas possíveis. Em seu jornalismo de guerra, a mídia crucificou Dilma. A
Lava Jato e Sérgio compuseram um circo infernal. No Congresso, Eduardo Cunha,
com seus métodos de gangster, inviabilizou qualquer possibilidade de Dilma
passar medidas que pudessem fazer frente à crise econômica.
Não
bastasse isso, a esquerda acusou Dilma injustamente de colocar em prática um
programa conservador.
Ora,
ora, ora.
Estes
dois meses de Temer mostraram o que é, efetivamente, uma plataforma
conservadora. Mesmo nas cordas, Dilma não mexeu nas ações sociais que tiraram
milhões de brasileiros da miséria nos últimos anos.
Temer
está fazendo o que Aécio teria feito caso fosse vitorioso.
A
posteridade reparará mais esta injustiça contra Dilma: a da esquerda míope, que
tradicionalmente, na história, facilita os golpes da direita.
É
uma desgraça nacional, do ponto de vista das coisas concretas, ver um projeto
thatcherista ser imposto aos brasileiros quando o mundo avançado já renegou o
legado de Margaret Thatcher.
O
thatcherismo foi responsável pelo crescimento vertiginoso da desigualdade
social nos últimos 30 anos, com seus pilares francamente a favor dos ricos.
Nem
os herdeiros de Thatcher, os conservadores britânicos, ousam falar em seu nome
para a sociedade. Não existe uma única estátua de Thatcher na Inglaterra. É
sábido que, se erguida hoje, será derrubada amanhã.
E
mesmo assim Thatcher inspira os responsáveis pela economia brasileira. Um país
já tão desigual se tornará ainda mais injusto.
Dilma,
repito, já foi absolvida e os golpistas condenados.
Caso
o golpe seja efetivado em agosto, Dilma cairá de pé, maior do que jamais foi. E
os golpistas ganharão de joelhos, condenados ao desprezo eterno dos
brasileiros.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/07/a-maldicao-do-golpe-dos-corruptos.html?spref=tw
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