Logo
da sua pouco eufórica instalação, o governo golpista passou a mostrar ao que
veio: desconstrução de tudo o que foi construído desde 2003, tanto do ponto de
vista de direitos sociais como de distribuição de renda, de fortalecimento do
Estado e do patrimônio das empresas públicas. Ao mesmo tempo que vai revelando
os executores dessa agenda.
Além
da malta peemedebista, louca para se reapropriar do botim e fazer as nomeações
correspondentes nos cargos essenciais, Temer apela para neoliberais de
carteirinha e trajetória. Não apenas Meirelles e toda sua equipe, mas tucanos
na educação, no Itamaraty, na Petrobras, no BNDES e em outros postos-chave no
governo golpista.
Porque
o tema de fundo nos tempos atuais é resgate do modelo neoliberal versus modelo
de superação dessa alternativa. Ao que o governo Temer se dedica centralmente,
valendo-se de que não tem apoio popular, nem nunca terá, é colocar em prática,
de forma acelerada o projeto neoliberal, desconstruído pelo Lula. Retomada das
privatizações, corte nos recursos para a educação e a saúde, precarização das
relações de trabalho, escancaramento do mercado interno, diminuição do peso do
Estado, retomada da centralidade do mercado, entre outros tópicos centrais do
projeto neoliberal.
Para
isso, não por acaso quadros do governo FHC, o grande laboratório de
experiências neoliberais no Brasil, retornam ao governo, pela via de um golpe,
dado que perderam as quatro eleições posteriores a este governo. E tratam de
fazer esquecer o fracasso daquele governo, para tentar impor de novo seus
remédios, que deram errado.
O
discurso é o da herança pesada do governo Dilma, especialmente desarranjos nas
contas públicas, déficit etc, o que obrigaria a impor soluções duras,
procurando alienar ao governo anterior a responsabilidade das medidas duras que
tratam de impor. Acompanhado de um suposto fracasso dos governos do PT.
Para
isso, precisam apagar da memória dos brasileiros o fracasso dos governos
neoliberais, tanto de Collor como especialmente o de Fernando Henrique Cardoso,
que eles protagonizaram. Precisam disso para retomar os velhos medicamentos,
como se os problemas do país viessem do modelo implementado desde 2003, que
teria fracassado e deixado a herança que eles tratam de consertar com as mesmas
soluções neoliberais do passado.
Quando
o fracasso espetacular foi o do governo FHC. Conteve, num primeiro momento, a
inflação, que retornou e entregou para o Lula no nível de 12,5%. Promoveu um
enorme processo de concentração de renda, de exclusão dos direitos sociais para
a grande maioria da população, de precarização das relações de trabalho, de
subordinação dos interesses do país ao FMI e aos Estados Unidos.
O
Brasil saiu menor do que entrou, com perfil internacional baixo, com direitos
sociais diminuídos, com taxas de juros estratosféricas, com Estado
enfraquecido, com a mais profunda e prolongada crise recessiva que o país tinha
vivido, que foi superada pelo governo Lula. O modelo neoliberal do governo FHC
fracassou de tal maneira que o seu partido foi derrotado sucessivamente em
quatro eleições, como efeito desse fracasso. Em cada uma das campanhas eleitorais,
se comparavam os governos tucanos com os do PT, e os candidatos que
representavam esta alternativa ganhavam.
Essa
é a verdadeira comparação – o maior fracasso foi o dos anos 1990. Os
desarranjos atuais das finanças públicas se dão no marco de um imenso sucesso
dos governos que se basearam no modelo de desenvolvimento econômico com
distribuição de renda.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/06/pelas-maos-de-temer-volta-ao-passado.html
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