Na
semana passada, a Folha de São Paulo publicou uma matéria tosca que pretendeu
desdizer o que todos que têm acesso à mídia internacional sabem, que o mundo
entende que há um golpe de Estado em curso no país. O título daquele texto vil:
“Imprensa internacional não chama impeachment de golpe”.
Para
chegarmos ao crime de lesa-humanidade que está sendo cometido contra a maior
liderança política do país, pois, é preciso partir de outro processo análogo de
ruptura do Estado Democrático de Direito. Vamos a ele.
Lendo
o texto da Folha supracitado, descobre-se que, para fazer essa matéria, o
jornal “avaliou editoriais de 11 dos principais veículos de mídia estrangeira”,
mas que “não foram analisados artigos assinados, que refletem apenas a opinião
do autor do texto, nem reportagens, que devem contemplar todos os lados
envolvidos em determinada questão, sem emitir opinião”.
É
curioso esse fim do parágrafo da matéria supra reproduzido. Afinal, o que o
texto faz é justamente não contemplar todos os lados ao usar a meia verdade de
que os editoriais não falam em golpe para passar a ideia de que não há uma
avalanche de matérias na imprensa internacional que enxerga que está havendo um
golpe no Brasil, usando ou não esse termo.
A
razão de a Folha avaliar só editoriais, evitando reportagens e artigos
assinados, é que se considerasse outros textos da grande imprensa internacional
além da opinião oficial de cada veículo, teria que reconhecer que nos veículos
estrangeiros a constatação de que há, sim, um golpe no Brasil é, literalmente,
avassaladora.
O
viés predominante nessas matérias da mídia estrangeira é o de considerar que
foram buscar um pretexto qualquer para derrubar Dilma, de modo que o processo
contra ela não passa de uma peça teatral destinada a legitimar uma decisão
previamente tomada, a de tirá-la do cargo a qualquer preço sob uma suposta
vontade da maioria.
E
quando se diz que é “suposta” a vontade da maioria dos brasileiros de que Dilma
saia do cargo isso se deve a que tal vontade só pode ser aferida pelas
pesquisas de opinião feitas por institutos ligados a órgãos de imprensa que
fazem oposição aos governos do PT há 13 anos.
Ainda
assim, mesmo que fosse feita uma eleição plebiscitária para confirmar ou não o
que dizem as pesquisas e a vontade de tirar Dilma vencesse, as regras do jogo
vigentes na eleição de 2014 não previam “recall”, ou seja, possibilidade de
interromper o mandato concedido a Dilma pelas urnas sem que ela tenha cometido
algum crime de responsabilidade.
O
que está acontecendo com o mandato de Dilma é oriundo da gana dos artífices do
golpe em prenderem Lula. E a prisão do político mais popular e respeitado do
Brasil – segundo pesquisas de opinião que afirmam que Lula é considerado o
melhor presidente da história do país -, assim como a derrubada de Dilma, já
foi decidida independentemente de provas.
O
pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF, para que inclua
Lula nas investigações da Lava Jato, é muito mais uma peça publicitária que
qualquer outra coisa.
Janot
busca produzir efeitos político-eleitorais contra o ex-presidente. E sustentar
o verdadeiro golpe contra ele, que reside no pedido de prisão feito pela
Procuradoria paulista a Sergio Moro para que prenda o ex-presidente por conta
da acusação de que um apartamento no Guarujá é seu e que o imóvel comprovaria
“ocultação de patrimônio”.
Querem
prender Lula, apoiado por dezenas e dezenas de milhões de brasileiros, sem
julgamento.
Bye,
bye, democracia.
A
possibilidade de Lula ser preso está crescendo dia a dia. A ideia dos golpistas
é ir desmoralizando o ex-presidente pouco a pouco, para que quando ocorrer sua
prisão ela seja “aceita” pela sociedade. Para que seja até “esperada”.
Apesar
dessa trama sórdida, Lula ainda é o político mais influente do país. Pelos
menos uns 40 milhões de brasileiros querem votar nele para presidente. Além
disso, movimentos sociais e sindicais organizados têm no ex-presidente um líder
inconteste.
Com
tantos factoides para promover a desmoralização de Lula, então, por que
precisam prendê-lo assim, sem julgamento, antes de esgotadas todas as
possibilidades de defesa?
É
simples: o povo quer votar em Lula. Se ele fizer campanha, se for à tevê, ao
rádio pedir votos, lembrando aos brasileiros quanto melhoraram em seu governo,
e se disser ser vítima de um complô, acionará centros de memória das mentes
brasileiras, lembranças que farão muitos – provavelmente, a maioria – acharem
que vale a pena tentar dar uma nova chance a quem melhorou tanto a vida de
tantos ao longo de seu mandato de oito anos.
Para
contornar esse “problema”, os golpistas poderiam simplesmente tratar de
condenar Lula em primeira instância, a toque-de-caixa, para que caísse na “lei
da ficha limpa” e ficasse inelegível em 2018 – ou quando houver nova eleição
presidencial. Porém, os golpistas temem que não seja suficiente.
O
que Lula poderia fazer se estivesse inelegível? Ora, poderia ir ao povo que
quer votar nele e dizer que o tornaram inelegível para que não possa desfazer o
caos que a essa altura estará sendo perpetrado pelas políticas neoliberais de
Michel Temer e do PSDB, com precarização do trabalho assalariado, interrupção de
programas sociais, privatarias etc.
Inelegível,
Lula poderia apoiar outro “poste”, como os golpistas chamam Dilma Rousseff ou
Fernando Haddad, que Lula conseguiu eleger apenas com a sua palavra.
Ah,
mas após Dilma o povo não vai dar outro voto de confiança a Lula votando em
quem ele indicar, dirão os golpistas. É mesmo? Então por que vocês querem tanto
prender Lula? Por que prender alguém contra quem não existe nada além de
acusações de desafetos (novos ou antigos) enquanto que contra um Eduardo Cunha
há provas materiais, documentadas, e não há hipótese minimamente concreta de
que será preso?
A
fragilidade das acusações contra Lula são espantosas. Escrevo após ler matéria
do UOL dizendo que Janot afirma que Delcídio do Amaral, que com sua “delação
premiada” foi responsável pela acusação do PGR a Lula, teria “provas” de que se
encontrou com o ex-presidente…
Hein?!!
E daí?!! A grande liderança do PT não poderia se encontrar com o líder do
governo do PT no Senado? Não seria natural um encontro desses?
Ah,
dirão os golpistas, mas Lula pediu a Delcídio para subornar Nestor Cerveró para
que não fizesse delação premiada. É mesmo? Mas cadê as provas? Não existem. A
prova é a palavra de Delcídio, que, obviamente, está furioso com o PT e com
Lula por terem-no “abandonado” quando foi preso em flagrante. A acusação foi um
jeito que ele encontrou de transferir para outro a pena pelo que fez. Cometeu
crime e fica livre empurrando o crime para quem não o apoiou.
Bom
demais – para o criminoso. Para a Justiça, é péssimo. É óbvio que Delcídio tem
todos os motivos para mentir. Por isso, ele precisa provar sua acusação. Como?
Problema dele. À Justiça cabe exigir provas. A menos que seu objetivo seja
condenar Lula a qualquer preço.
Lula,
portanto, está prestes a se tornar o grande mártir da esquerda brasileira,
condenado sem provas em um processo kafkiano pelo crime de ter promovido a
maior distribuição de renda de que se tem notícia na história do país, por
tirar dezenas de milhões de brasileiros da miséria, por dar amor-próprio a um
povo com histórico complexo de vira-latas.
Que
o martírio de Lula, se se materializar – e rogo aos deuses para que tal não
ocorra –, torne-se elixir a nos revigorar no combate à ditadura da “toga” que
está se abatendo sobre o Brasil. Que nas ruas deste país sejamos milhões de
Lulas, que em cada local por onde passarmos sejamos a voz rouca do povo, a voz
de Luiz Inácio Lula da Silva.
Esperem
para ver o que vocês vão armar prendendo Lula. Apenas esperem. Vocês irão se
arrepender, golpistas malditos!
Do
Blog da Cidadania
http://www.blogdacidadania.com.br/2016/05/que-o-martirio-de-lula-alimente-a-nossa-luta/
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