Por
favor, senhores golpistas. Não me venham falar em união pela salvação nacional.
Para isto, não seria necessário desfechar o golpe através deste conchavo
espúrio entre seus partidos de oposição, a grande mídia e parte do poder
judiciário, por ação de alguns magistrados e por omissão dos demais.
Se
queriam a tal salvação, poderiam ter se unido ao redor da presidenta Dilma, sem
que o Brasil precisasse passar esta vergonha internacional de ser agora
considerado uma República de Bananas, diante do ridículo deste embuste
travestido de processo de impeachment que foi levado ao conhecimento e aos
olhos do mundo inteiro.
Não
me peçam agora para ser magnânimo e me unir aos esforços por um Brasil melhor.
Quando nós pedimos este tipo de ajuda vocês nos negaram e fizeram todas as
manobras sub-reptícias para levar o nosso país ao caos, pois esta situação os
auxiliaria a se aboletarem novamente no poder que já exerciam há quinhentos
anos e que haviam perdido com a vitória de Lula para presidente.
Vocês
sabotaram Dilma não deixando que ela governasse e tomasse as medidas necessárias
para evitar o aviltamento da nossa economia e elidisse todos os problemas que
agora se acumulam, principalmente a questão do desemprego de milhões de
brasileiros.
Mesmo
eu tendo vivido durante toda a minha vida sob a regência do princípio da
solidariedade, vocês acabaram me ensinando toda a sorte de golpes baixos, da
política mais suja e escrota que existe e agora receberão de volta aquilo que
vocês mesmos plantaram. Os senhores agiram de forma tão rastejante que
Machiavel foi relegado ao papel de mero aprendiz se comparado com vocês em
matéria de política.
Lembram-se
quando os senhores começaram a reavivar a memória inflacionária, utilizando o
tomate, a cebola e outros produtos que qualquer pessoa que plante uma horta
caseira sabe terem seus preços ligados à sazonalidade ou às questões
climáticas, tudo com o objetivo de darem a impressão de que estávamos sendo
assolados por uma inflação incontrolável? Pois é. Eu lembro bem, inclusive
recordo que isto trouxe um efeito cascata e acarretou aumentos preventivos de
outros produtos, para gáudio de todos vocês.
Se
agora os senhores não conseguem colocar a situação deplorável que vocês mesmos
criaram sob controle, que se virem. Comigo é que não irão contar, pois perdi a
inocência das utopias e não vou ser politicamente correto como estão me
pedindo, até porque eu acho que isto não passa de pura hipocrisia, matéria,
aliás, na qual os senhores são doutores.
Sempre
fui um sonhador, mas nunca fugi à luta e não sou de dar a outra face para
bater. E de agora em diante, vou assistir de camarote os senhores se perderem
em meio às tempestades econômicas que vocês mesmos criaram artificialmente.
Virem-se sozinhos, pois pode ser que aprendam que não se mexe com a autoestima
de um povo que busca apenas uma democracia mínima e a inclusão social que lhe
dê um pouco de dignidade.
É
isso mesmo. Acham que estou sendo politicamente incorreto? Acertaram e aprendi
com vocês. Não é retrocesso que vocês pleiteiam? Pois bem, estou trazendo de
volta a Lei de Talião: olho por olho, dente por dente.
E
de agora em diante vou burilar minhas teorias e práticas de desobediência
civil. Aliás, já estou começando a releitura de Henry David Thoreau, meu velho novo
autor preferido...
Jorge
André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS
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