“Impeachment tem o cofre e o
cérebro fora do País”, acusa Marcello Lavenère
O ex-presidente da OAB,
Marcello Lavenère, que foi um dos advogados que assinou a denúncia com pedido
do impeachment contra o ex-presidente Fernando Collor, afirmou nesta
terça-feira (3) que o “cérebro” da armação do impedimento sem crime de
responsabilidade da presidenta Dilma Rousseff está fora do País, não está na
Fiesp ou atrás dela. Segundo ele, o impeachment não é contra um presidente,
como foi no caso do Collor, mas sim contra a redução das desigualdades sociais,
contra o aumento da renda a valorização do salário mínimo e todas as conquistas
dos últimos treze anos – mas também contra a independência da política externa
brasileira. Em sua apresentação na comissão especial que avalia o impeachment
gestado por Eduardo Cunha na Câmara dos Deputados, Lavenère apontou as
disparidades entre o que ocorreu com Collor, onde havia crime, e o que está
acontecendo com Dilma, onde se tenta criar um crime para afastá-la.
“Ficou comprovado que o
ex-presidente praticava improbidade, que recebia dinheiro em suas contas. Foi
um presidente que ofendeu o decoro. Hoje, o impeachment não atinge a presidenta
Dilma. O que está se tentando é acabar, aniquilar um projeto de futuro, o
projeto de inclusão, um projeto que tornou nosso País mais soberano”, afirmou.
Marcello Lavenère disse que
cresce a cada dia, dentro e fora do Brasil, o entendimento de que a construção
do golpe, arquitetada pela oposição, com PSDB e DEM à frente, comandados por
Eduardo Cunha, e pelo vice-presidente, Michel Temer, não conseguirá enganar o
povo por muito tempo. Mesmo tendo apoio da mídia, ninguém consegue mostrar que
Dilma cometeu crime de responsabilidade, pois o enredo de narrativa criado a
partir da denúncia com base em mudanças de entendimento do TCU sobre decreto de
crédito suplementar e do plano safra é insustentável.
“Não acredito que senadores
e senadoras, consciente e sinceramente, digam que pedalada fiscal, plano safra
e decreto de abertura de crédito constituam crimes do tipo que toda a doutrina
internacional, americana, brasileira, estrangeira considera como os únicos
crimes que podem causar um processo de impeachment”, afirmou.
Para o advogado, a posição
que está sendo tomada no ponto extremo ao propor o afastamento da presidenta se
parece muito com um médico que prescreve quimioterapia pesada para quem se
apresenta com um corte nas mãos. “A dose pode matar o paciente. Tem efeitos
colaterais terríveis que nenhum médico recomendaria uma quimioterapia pesada
para quem não padecesse de nenhum mal exatamente da mesma natureza. Não há
crime algum a justificar o afastamento da presidenta da República”, observou.
Lavenère acrescentou que “os que perderam as eleições disseram ‘essa senhora
não pode ser eleita; e, se for eleita, não pode tomar posse; e, se tomar posse,
não pode governar’".
Segundo ele, o que está em
curso é a morte política de um projeto de futuro. “É a morte política de um
projeto que, pela primeira vez na história desse País, em 500 anos, se volta
para os mais pobres, se volta para um projeto de inclusão, aplicada a pena de
morte política não só à presidenta Dilma, não só a seus correligionários. Estão
aplicando a pena de morte aos sonhos de um País”, salientou para, em seguida,
arrematar: “as nuvens que pesam no horizonte são muito negras”.
http://www.ocafezinho.com/2016/05/06/lavenere-o-cerebro-e-o-cofre-do-golpe-estao-fora-do-pais/
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