Conforme o ministro Teori
Zavascki ia explanando as razões pelas quais aceitou (com quase cinco meses de
atraso) a moção do procurador-geral da República, feita em dezembro último,
pelo afastamento do agora ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, muitos dos que
assistiram àquela cena podem ter se surpreendido.
Enquanto os golpistas babam
ódio contra Dilma Rousseff e Lula, acusando-os de tudo e mais um pouco, a Casa
dos Representantes do Povo jazia paralisada pela ação de Cunha, eximindo-se de
votar matérias de interesse da nação em benefício único e exclusivo do agora já
defenestrado ex-presidente daquela Casa.
Nesse sentido de usar a
Presidência da Câmara para se proteger, Cunha também tomou atitudes condizentes
com a pecha de “gangster” que lhe é invariavelmente pespegada por tantos
quantos têm vergonha na cara. A conduta dele mais concernente a esse conceito
certamente foi a intimidação de parlamentares que ameaçavam fazer andar o
processo de sua cassação.
Para terminar, Cunha ainda
usou o cargo para impedir investigações contra as duas centenas de deputados
que o apoiam, entre os quais o famigerado parlamentar que atende pela alcunha
de “Paulinho da Farsa Sindical”.
A mídia se surpreendeu e se
estarreceu com a decisão tempestiva do STF de pôr fim à farra de Cunha e seus
200 picaretas. Afinal de contas, Valdir Maranhão (PP-MA), o 1º vice-presidente
da Câmara, quem irá assumir o lugar de Cunha enquanto a Câmara não lhe cassar o
mandato, votou contra o impeachment de Dilma e certamente colocará fim à
paralisia legislativa e aos golpes contra o governo Dilma.
Em caso de impeachment de
Dilma, provavelmente Maranhão não dará guarida a Michel Temer, contra quem há
pedidos de impeachment tramitando na Câmara.
Além de tudo isso, para
desespero dos golpistas a lei favorece o questionamento de todos os atos de
Eduardo Cunha durante o exercício da Presidência, entre os quais – e à frente
de tudo – a decisão dele pela abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Para completar o quadro de
intranquilidade pelos golpistas, a defenestração de Cunha pelo STF em peso cria
uma situação nova para a Corte que lhe permite, em tese, analisar o mérito do
impeachment para poder decidir se o ato do ex-presidente da Câmara de abrir o
processo é ou não passível de anulação.
Enquanto escrevo este texto,
assisto a Globo News. Surpreende – pero no mucho – o semblante de abatimento
dos repórteres e apresentadores. Quem se lembra do abatimento deles a cada
eleição que o PT vencia não se surpreende por apresentarem o mesmo sintoma em
um momento em que o golpe ameaça subir no telhado.
http://www.blogdacidadania.com.br/2016/05/golpistas-em-panico-queda-de-cunha-pode-anular-impeachment/
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