Nota
de repúdio à entrevista do Ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), à Folha
de São Paulo, 16 de maio de 2016.
Em
entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo, no dia 16 de maio, publicada
hoje, 17 de maio de 2016, o atual Ministro da Saúde, revelou com toda a clareza
o projeto político do governo provisório de Michel Temer com relação à Saúde,
explicitando que “o país precisa rever o direito universal à saúde”.
Suas
palavras, fundamentadas em um discurso neoliberal que prevê a redução do papel
do Estado na economia e na garantia dos direitos sociais, causa indignação a
mais de 200 milhões de brasileiros usuários do Sistema Único de Saúde, 150
milhões dos quais dependem exclusivamente desse sistema, que também atende os
45 milhões que pagam planos de saúde principalmente quando estes não garantem a
assistência em casos de urgência e acesso a serviços de alta complexidade.
Indignados
estamos, os 2 milhões de profissionais e trabalhadores do SUS, parte dos quais
constituem as 40 mil equipes de Saúde da Família, com cerca de 265 mil Agentes
Comunitários de Saúde, milhares de estudantes de cursos de graduação e
pós-graduação na área de saúde, milhares de gestores que atuam em mais de cinco
mil municípios desse imenso país, lutando cotidianamente para garantir o acesso
universal da ações e serviços de saúde.
Não,
ministro, não vamos permitir que rasguem a Constituição Federal de 1988, a
Constituição cidadã, que consagrou “Saúde como Direito de Todos e Dever do
Estado e instituiu o SUS como Sistema de Saúde Pública universal e equitativo,
inscrevendo o Brasil no rol dos países civilizados.
Não
podemos permitir o retrocesso. Enfrentamos muitas dificuldades ao longo dos
últimos 40 anos. Nossa luta é longa, continua, cotidiana, acontece em cada uma
das 400 mil unidades de saúde que compõem o SUS. Acontece em cada sala de aula,
em cada Centro de Saúde, em cada Hospital e em cada laboratório do SUS, em cada
ambulância do SAMU, em cada ponto de dispensação de farmácia popular e de
assistência farmacêutica pública, em cada visita domiciliar feita pelos Agentes
Comunitários ou pelos médicos do programa Mais Médicos!
Somos
milhões de trabalhadores, docentes, estudantes militantes da Reforma Sanitária
Brasileira que completa, neste ano de 2016, 40 anos de existência, de luta, de
mobilização popular e de participação em milhares de Conselhos de Saúde espalhados
pelo país. E estamos indignados com as palavras do Ministro. Não!
Não
aceitamos este retrocesso. Em nome dessa luta continua, em nome dos
companheiros que iniciaram o movimento pela RSB em pleno governo militar, na
luta contra a ditadura, pela democracia e pela Saúde, em nome de todos os
trabalhadores da saúde, em nome dos representantes do poder popular nos
Conselhos de Saúde, em nome de todos os brasileiros que trabalham todos os
dias, pagam seus impostos e sonham com um país melhor, mais justo, menos
desigual, mais democrático, mais saudável, não podemos aceitar as palavras do
Ministro. Não!
Pela
seguridade social
Pelo
direito universal à saúde
Pelo
Sistema Único de Saúde
Pela
participação popular!
Pela
reforma sanitária brasileira!
RESISTEREMOS
Associação
Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO
Associação
Brasileira de Saúde Bucal Coletiva — ABRASBUCO
Associação
Brasileira de Saúde Mental – ABRASME
Associação
Paulista de Saúde Pública – APSP
Associação
Brasileira da Rede Unida – Rede Unida
Centro
Brasileiro de Estudos de Saúde – CEBES
Conselho
de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo — COSEMS/SP
Instituto
de Estudos Socioeconomicos — INESCO
Sociedade
Brasileira de Bioética — SBB
http://www.viomundo.com.br/denuncias/entidades-de-saude-coletiva-repudiam-fala-de-ministro-sobre-reducao-do-sus-inaceitavel.html
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