No
Blog da Cidadania
Apoiar
quem está no governo é extremamente penoso, a menos que você esteja entre os
que são beneficiados pessoalmente por seu governismo. Como esse nunca foi o
caso deste blogueiro – tanto nos governos do PT como nos anteriores –, estou
amando ser oposição de novo, em um momento em que os ex-oposicionistas têm que
mostrar a que vieram.
Ser
governo implica em o governista ter que explicar por que defende aquele projeto
político-administrativo – e, convenhamos, durante 11 dos 13 anos de governos do
PT nunca foi muito difícil explicar meu apoio aos governos Lula e Dilma.
Até
2014, quando me perguntavam por que eu apoiava o PT eu mandava quem me
questionasse ir vasculhar o site do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). A perscrutação do referido site revela que os governos Lula
e Dilma civilizaram o Brasil. A pobreza, a miséria, a desigualdade e o
desemprego despencaram e dispararam a renda média do trabalhador, os empregos
formais, o ingresso no superior, enfim, subiu muito o padrão de vida dos
brasileiros de todas as classes sociais.
A
vida melhorou mais, obviamente, entre os mais pobres, entre os que mais
precisavam melhorar, entre aqueles que era justo que melhorassem antes. E aí
estava a razão para o topo da pirâmide social querer tirar o PT do poder.
Agora,
porém, ficou claro que a gritaria da elite, da grande imprensa e de partidos
políticos oposicionistas contra os governos do PT, sob alegação de que aquele
comportamento era “combate à corrupção”, nunca passou de balela.
Desde
a madrugada de segunda-feira, 23 de maio, os fatos desmascararam hipócritas
que, ao longo de uma trinca de anos, com suas manifestações desavergonhadas
vinham vendendo a teoria de que não toleravam nenhum tipo de corrupção. Balela.
Não toleram corrupção – ou suposta corrupção – dos outros, mas amam a dos
amigos, sócios, parentes, aliados ou mesmo dos políticos que vociferam “ideias”
e “ideais” com os quais concordam
Se
tivessem um pingo de ética, um pingo de decência, o mínimo que os paneleiros
deveriam fazer, após a gravação de Jucá desmascarar o golpe, seria repudiar a
armação que resultou no afastamento da presidente da República.
Senão,
vejamos: um dos artífices do processo que culminou no afastamento de Dilma é
flagrado em escutas nas quais confessa que esse afastamento é uma trama
destinada a atrapalhar investigações policiais contra quem a tirou do cargo.
Precisa de mais o quê para entender que o impeachment fez uma pessoa inocente
ser punida em troca da impunidade dos culpados?
Seja
como for, no primeiro dia útil desta semana caiu uma infinidade de máscaras.
Além das máscaras dos golpistas e dos paneleiros das varandas gourmet, caiu
máscara da mídia golpista, a comandante do golpe.
A
Globo resistiu o dia todo a divulgar a gravidade do caso envolvendo o agora
ex-ministro do Planejamento Romero Jucá. Na noite da última segunda-feira,
porém, ela teve que se render ao cataclísmico noticiário na internet e, assim,
o Jornal Nacional teve que fazer barba, cabelo e bigode sobre fatos que
comprovaram, cabalmente, que o golpe era mesmo golpe.
O
JN teve que divulgar um verdadeiro linchamento público dos tucanos, feito por
Romero Jucá, enquanto este reinventava o conceito de “boi-de-piranha” (bode
expiatório)
O
JN teve que mostrar Temer sendo chamado de golpista.
O
JN teve até que noticiar elogios de Temer a Romero Jucá, que acaba de ser
flagrado planejando um golpe de Estado com a finalidade de obstruir a Justiça.
O
noticiário da Globo sobre o surgimento da prova de que o golpe é golpe, por sua
vez, não foi voluntário; foi, digamos assim, coercitivo. A emissora pretendia
manter o clima “banal” que Jucá tentou conferir às próprias declarações
criminosas, mas não colou.
O
noticiário sobre Jucá foi jogado para o fim do Jornal Nacional porque foi feito
às pressas, após o ministro “renunciar”. Isso é o que explica o telejornal ter
anunciado a matéria sobre o caso em sua “escalada” – apresentação das manchetes
do dia, no começo da edição do telejornal –, mas só ter veiculado a matéria no
fim da edição.
O
fato é que, com liberdade de informação e opinião, é muito difícil, se não
impossível, sustentar a versão de que um golpe não é golpe.
Em
termos históricos, já é cabalmente impossível manter a versão de que o
impeachment de Dilma foi um ato legal. A avalanche de fatos que desmascaram o
golpe não deixa a menor possibilidade de os livros de história negarem que em
2016 o Brasil sofreu um golpe de Estado engendrado e perpetrado por setores do
Judiciário, grupos de mídia e partidos de oposição.
Na
prática, o Brasil vive hoje uma ditadura judiciária. Romero Jucá revelou ao
mundo que houve um golpe no Brasil, denunciou a Justiça brasileira, disse que
ela pararia a Lava Jato se o governo Dilma fosse derrubado.
Enquanto
o Judiciário e a própria Lava Jato não prenderem aqueles que Jucá disse que
acabariam sendo presos pela Operação se Dilma não fosse derrubada, restará
intocada a suspeita (agora) escandalosamente disseminada de que a presidente
foi derrubada para interromper investigações que poderiam atingir inclusive a
oposição e, quem sabe, até a própria mídia oposicionista.
A
derrubada de Dilma tira o PT de cena e coloca o PMDB e o PSDB. Viraram vidraça.
Não adianta acharem que poderão começar a berrar “Lula”, “Dilma”, “PT” quando
forem cobrados ou quando começarem a surgir denúncias.
Diante
das gravações envolvendo Romero Juca que mostraram que Dilma foi derrubada para
interromper a Lava Jato, é ensurdecedor o silêncio das varandas gourmet, onde
as panelas, antes tão eloquentes, agora permaneceram silentes, cúmplices de
Cunha, Jucá, Temer e do resto da quadrilha golpista que estuprou a democracia
rasgando 54 milhões de votos.
Não
foi só o golpe que foi desmascarado, foram desmascarados os grupos que pregaram
o impeachment e, assim, foram cúmplices de um crime.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/05/cade-os-paneleiros-hipocritas-e.html?spref=tw
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