Dominado
pelos bancos e pelo agronegócio, país caminha para profunda recessão, perda de
direitos, resistência e convulsão social. A repressão será outro componente do
cenário político
Insatisfação
social com as consequências do golpe será alvo de repressão, com já acontece em
SP
No
golpe de 1964, ao lado de todas as ações de repressão direta, a ditadura impôs
o arrocho salarial, que foi o santo do “milagre econômico” e fez a felicidade
dos empresários. Com todos os sindicatos sob intervenção militar, canceladas
todas as campanhas salariais, as grandes empresas tiveram uma prolongada lua de
mel, com super lucros, enquanto se intensificava a superexploração dos
trabalhadores.
Salários
achatados, jornadas prolongadas, clima ainda mais repressivo dentro das
empresas, condições de trabalho ainda mais deterioradas. Assim é que se
produziu o novo ciclo expansivo da economia, baseado na exportação e no consumo
de produtos de luxo, enquanto o mercado de consumo popular era achatado ainda
mais.
No
presente golpe os trabalhadores também são vítimas privilegiadas. Medidas de
distinta ordem que atingem o salário mínimo, ação consciente de usar o
desemprego para pressionar as reivindicações salariais e como mecanismo de
suposto controle da inflação, definição de novas regras da aposentadoria – tudo
aponta na direção do barateamento da força de trabalho e na deterioração das
condições de negociação dos sindicatos.
Um
dos objetivos centrais do golpe é restabelecer, segundo seus critérios, as
condições para a retomada de um ciclo de investimento na economia e a retomada
do seu crescimento. O poder central de Henrique Meirelles no governo golpista
serve para dar garantias ao empresariado de que seus interesses serão zelados
antes do que qualquer outro.
No
entanto, o discurso da herança pesada, dos duros sacrifícios, do aumento de
impostos, dos prazos longos – se fala de 2018 – para recuperação econômica, ja
revelam que até lá primará o ajuste fiscal. E a distribuição de cargos chaves
demonstra quais os que setores do empresariado são especialmente contemplados e
quais ficam relegados a posições secundárias.
Os
bancos emplacam lugares estratégicos, com o Meirelles e o seu presidente do
Banco Central, diretor do Itaú. O agronegócio tem um dos seus principais
representantes – Blairo Maggi – que concentra toda a política agrária,
terminando com o Ministério de Desenvolvimento Agrário, que era um contraponto
progressista e agora desaparece.
Enquanto
isso, os industriais ficam particularmente alijados. No troca-troca de
ministérios, o pastor que foi cogitado para Ciência e Tecnologia, mas foi
vetado por ser criacionista, acabou ficando com Indústria e Comércio! Ele mesmo
confessou que não tem muita afinidade com o tema, que seu vinculo com a
indústria foi ter sido contador de uma no começo da sua carreira profissional.
Não poderia haver maior subestimação da indústria, confirmando a fraqueza da
Fiesp como suposta representante desse setor. Nem a nomeação do ministro da
Indústria e Comércio ficou com o Skaf.
O
governo golpista do Temer é hegemonizado pelo capital financeiro e pelo
agronegócio. Basta isso para confirmar que será um governo do ajuste e da soja,
do corte de recursos para políticas sociais e da exportação. Em que os
investimentos produtivos e a geração de empregos serão secundarizados.
Já
se anuncia que o duro ajuste só terá resultados em 2018. Até lá como viverá o
pais? Com profunda e prolongada recessão, aumento exponencial do desemprego –
Meirelles anuncia 14% -, com perda dos direitos sociais para uma grande
maioria, com resistência e convulsão social. Num quadro como esse, o governo só
pode se manter, ou tentar se manter, pela repressão, que será outro componente
essencial do cenário político.
A
CUT demonstra força impressionante nas manifestações, pode-se dizer que tem
sido a organização sempre presente, atuante, mobilizadora. O movimento sindical
tem um novo grande desafio pela frente e as centrais sindicais tem responsabilidades
muito grandes em conduzir os trabalhadores a uma dura luta de resistência, que
seja um obstáculo fundamental a um governo que aponta para a superexploração
dos trabalhadores como instrumento de imposição de uma virada conservadora no
pais.
http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/blog-na-rede/2016/05/a-superexploracao-do-trabalho-no-governo-golpista-9367.html
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