Documento
tece duras críticas ao processo de impeachment sem base legal e ao papel
conspirador do vice-presidente Michel Temer; estudantes convocam para 28 de
abril um dia nacional de paralisação nas universidades em defesa da democracia.
Na
última quinta-feira, 21 de abril e 2016, a diretoria executiva da União
Nacional dos Estudantes esteve reunida na sede das entidades estudantis, em São
Paulo, na Rua Vergueiro 2485, para discutir a atual conjuntura política do
país.
Para
os estudantes, o processo de impeachment sem base legal foi conduzido na Câmara
pelo réu e corrupto Eduardo Cunha e tramado pelo vice-presidente Michel Temer,
que conspira e quer levar adiante um projeto extremamente conservador e
atrasado, com uma agenda neoliberal radical.
“O
vice-presidente não tem legitimidade porque assumirá o governo através de um
golpe institucional, no qual é um dos maiores conspiradores.”, reforça o texto.
Diante
do avanço do golpe em curso no país, a UNE mostra a resistência dos estudantes
e das universidades brasileiras e convoca para 28 de abril um dia nacional de
paralisação.
“Não
toleraremos recuar nem um centímetro de nossa democracia. Paralisaremos as
universidades de todo o Brasil no dia 28 de abril, marcharemos ao lado dos
trabalhares e trabalhadoras e no dia 1º de maio, ocuparemos as ruas e praças em
atos políticos e culturais contra o golpe e no dia da votação do processo do
impeachment no Senado, ocuparemos Brasília e o Brasil, prontos a responder à
altura os desafios que estão por vir.”, convoca o documento aprovado pela
diretoria da UNE
O
documento destaca ainda que “a convergência das frentes Brasil Popular, Povo
Sem Medo, dos setores cultura, intelectuais, juristas e o povo Brasileiro, nos
dão perspectivas de muita luta para a construção de um programa popular.”
leia
abaixo Documento aprovado pela diretoria da une
“Não
baixe a guarda, a luta não acabou.”
O
horizonte desafiador que se desenha para o próximo período revelará, mais uma
vez, quem são aqueles e aquelas que estão ao lado do povo. Lugar este sempre
corajosamente abraçado pela União Nacional dos Estudantes ao longo dos seus
quase 80 anos.
Nossa
geração é fruto da maior experiência democrática que o Brasil já vivenciou. A
Carta Magna de 88, chamada Constituição cidadã, é fruto das lutas de nosso
povo. Nela estão previstos diversos elementos fundamentais para a construção de
uma sociedade livre, justa e solidária; que garanta o desenvolvimento nacional
com a erradicação da pobreza e das desigualdades sociais e regionais;
promovendo assim o bem de todos e todas, sem preconceitos ou qualquer tipo de
discriminação. São esses propósitos que queremos que sejam plenamente
realizados.
O
Brasil vive hoje um dos piores capítulos da sua história com a ruptura
institucional a partir da admissibilidade de um impeachment sem base legal.
Conduzido sem nenhuma legitimidade pelo réu e corrupto, Eduardo Cunha. Tal fato
traz à UNE as piores lembranças de momentos semelhantes que o nosso país já
viveu.
A
mesma recordação trouxeram os golpistas ao motivarem seus votos, dedicando-os
para os militares de 64 e para torturadores da ditadura. Isso não é um mero
acaso. Entre Deus e a família, tudo era motivo para votar pela admissibilidade,
menos averiguação se a Presidenta cometeu ou não algum crime de
responsabilidade. O crime de responsabilidade exige uma ação de quem o pratica
e não uma omissão, como aponta contraditoriamente o relatório aprovado.
Os que se impuseram pelas forças dos
tanques, agora se impõem sob a insígnia da fraude. O verdadeiro propósito do
golpe institucional em curso é uma acelerada destruição dos direitos sociais,
trabalhistas, da soberania nacional, das liberdades democráticas e o conjunto
de conquistas que o povo brasileiro almejou nos últimos anos. Querem destruir
nossos sonhos e nossas conquistas. Querem abrir portas para o conservadorismo,
para o retrocesso. Há uma ruptura constitucional e democrática em curso: isso é
GOLPE.
“Assim
como há uma rua chamada Voluntários da Pátria, podia haver outra que se
chamasse, inversamente, Traidores da Pátria.”
A
traição é uma marca forte do processo político do Brasil. O vice-presidente da
república, Michel Temer, sem nenhum constrangimento tenta se colocar como
alternativa para dirigir o país. Liderando um projeto extremamente conservador
e atrasado, com uma agenda neoliberal radical, a chamada “ponte para o futuro”,
visando retirar direitos dos trabalhadores e
diminuindo investimentos sociais.
A
“ponte” é um atalho para o passado, pois representa o retorno das privatizações
e da liquidação do patrimônio público, com o fim das vinculações
constitucionais para a saúde e a educação. Isso significa rasgar o Plano
Nacional de Educação e por um fim a todas as transformações feitas nas
universidades. Representa também o fim definitivo do regime de partilha do
petróleo, consumando o desejo histórico das aves de rapina que é de entregar o
petróleo brasileiro, principalmente das camadas do pré-sal, para o interesse
estrangeiro.
Isso
coloca em risco o protagonismo que o Brasil e a América Latina tiveram nos
últimos anos na geopolítica internacional fortalecendo um bloco que afronta a
hegemonia dos Estados Unidos. Querem novamente relegar a nossa soberania e
colocar o país de joelhos, típico ao entreguismo que define a nossa elite
associada ao capital financeiro internacional e lacaio dos investidores
estrangeiros.
Enfrentaremos cada batalha contra o golpe
institucional, inclusive no Senado Federal. Porém, caso esse cenário se
confirme, a União Nacional dos Estudantes não reconhecerá a presidência da
república. O vice-presidente não tem legitimidade porque assumirá o governo
através de um golpe institucional, no qual é um dos maiores conspiradores. Além
de representar o atraso: aprofundará a política de representação de um país
para poucos e comandados por aqueles do andar de cima da pirâmide social. Não
vamos admitir que esse desgoverno desmonte o país.
Aqui
se respira luta.
Podem
tentar, mas não vão nos intimidar. Os golpistas tentam nos amedrontar, foi
assim em 1964, quando colocaram fogo na sede da UNE, na noite da consumação do
golpe militar, cassaram nossa legalidade e violentaram estudantes. Resistimos e
vencemos. E agora tentam, através de uma Comissão de Inquérito Parlamentar –
CPI da UNE, mais uma vez calar a nossa voz e desestruturar a luta dos
estudantes, dessa vez com golpe e repressão institucional. Tais iniciativas
também atingem o conjunto dos movimentos sociais como a CPI – já em
funcionamento – do INCRA e FUNAI. Isso coloca todos os movimentos sociais em
alerta, certamente estão na mira, a exemplo dos recentes ataques ao MST.
“Da
Unidade Vai Nascer a Novidade”
Essa
conjuntura crítica em que vivemos deve
ser aproveitada para um momento de grande fortalecimento dos movimentos sociais
em nosso país. Com muita unidade poderemos responder à esse ataque com uma
histórica mobilização. A convergência das frentes Brasil Popular, Povo Sem
Medo, dos setores cultura, intelectuais, juristas e o povo Brasileiro, nos dão
perspectivas de muita luta a para a construção de um programa popular.
Defender
a democracia é defender um projeto de defesa da educação, dos direitos trabalhistas,
de ampliação de investimentos em serviços públicos, de proteção à renda e ao
emprego e de avanço das reformas estruturais populares. Conclamamos o governo
Dilma a alinhar-se aos setores populares mudando sua política econômica e
convocamos a todas e todos que defendem a democracia a construírem este
projeto.
Vive
em nós toda a rebeldia e força para lutar por nosso povo. Sem democracia não há
liberdade, não há direitos, nem avanços, e recessão não combina mais com o
Brasil. A universidade é uma trincheira de resistência e consciência
democrática.
Não
podemos confiar no Congresso Nacional, vimos a vergonha que foi a votação do
Impeachment na Câmara dos Deputados e não será diferente no Senado, por isso a
mobilização popular é única forma de derrotar esse impeachment golpista.
Conclamamos as e os estudantes que já se organizam em centenas de comitês
contra o golpe a estarem em estado de mobilização permanente. Não toleraremos
recuar nem um centímetro de nossa democracia. Paralisaremos as universidades de
todo o Brasil no dia 28 de abril, marcharemos ao lado dos trabalhares e
trabalhadoras e no dia 1º de maio, ocuparemos as ruas e praças em atos
políticos e culturais contra o golpe e no dia da votação do processo do
impeachment no Senado, ocuparemos Brasília e o Brasil, prontos a responder à
altura os desafios que estão por vir.
União
Nacional dos Estudantes
21
de abril de 2016
Por
Rafael Minoro
http://www.une.org.br/noticias/une-convoca-paralisacao-dia-28-e-diz-que-nao-reconhecera-presidencia-de-temer/
Nenhum comentário:
Postar um comentário