Terminou
às 4h43m de hoje a sessão da Comissão de Impeachment destinada a que os
parlamentares falassem sobre o pedido de impedimento da Presidenta da
República.
Falassem
para quem, às quatro horas da manhã?
Para
os gatos sorrateiros, para os ébrios das calçadas, para os plantonistas de
portarias, no esforço de vencerem o sono que lhes pesa às pálpebras?
Não
era uma sessão para falar, não era muito menos uma sessão para se ouvir aquilo
que se falava.
Argumentos
de nada serviam. Serviam apenas as explosões de ódio, o apetite de empalmarem
um poder para o qual não se foi eleito, a ânsia de tomarem de assalto o Brasil.
Dali,
nem o mais tolo dos tolos pode imaginar que vá brotar moralidade.
Por
isso a pressa, mas não só.
É
que o golpe, como todo crime, tem atração pela alta noite, pela madrugada.
Em
1961, foi na madrugada que se engendrou o parlamentarismo golpista.
Em
64, foi às cinco horas da manhã que Olímpio Mourão Filho mandou tomar a central
telefônica de Juiz de Fora, no que chamou de “Operação Silêncio” para descer
suas tropas de recrutas para dar o golpe
do qual lhe ficou apenas a constrangedora posição de “vaca fardada”.
Ontem
foi a primeira de mais uma série de madrugadas criminosas.
Chega
a parecer decorosa a antiga safadeza parlamentar de mandar atrasar o relógio do
plenário.
Não,
agora o avanço é desabrido, a pressa dos faltosos, dos que se concedem as
segundas, as tardes das quintas e as sextas-feiras como folga é acintosa.
São
tubarões em frenesi alimentar.
Ainda
lhes falta muito, porém, para que arranquem nacos mortais desta imensa baleia
chamada Brasil.
Ainda
lhes falta muito para que possam levar este país de novo às trevas.
http://www.tijolaco.com.br/blog/o-golpe-gosta-das-madrugadas/
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