A imprensa séria do mundo,
os segmentos jurídicos, políticos, intelectuais e acadêmicos; governos e
organismos internacionais são unânimes na condenação do golpe de Estado que
está em andamento no Brasil através de um processo fraudulento de impeachment.
Numa emissora de TV de
Portugal, o analista Miguel Sousa Tavares, que acompanha a realidade brasileira
há mais de 30 anos, disse que a sessão da Câmara dos Deputados “foi uma
assembleia geral de bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha
fazendo a destituição de uma Presidente sem qualquer base jurídica nem
constitucional, mas, sobretudo, com uma falta de dignidade que eu diria que é de
arrepiar; uma bandalheira”. Ele diz, ainda: “nunca vi o Brasil descer tão
baixo”.
A participação da Presidente
Dilma na assinatura do protocolo sobre mudanças climáticas nas Nações Unidas,
em Nova York, será uma importante oportunidade para esclarecer o mundo sobre o
golpe.
Aquela “assembleia geral de
bandidos comandada por um bandido chamado Eduardo Cunha” mandou a Nova York os
deputados José Carlos Aleluia [DEM] e Luiz Lauro Filho [PSB] para vigiarem os
passos da Presidente Dilma na ONU. Esta ação é mais uma prova da obstrução do
governo pela oposição. Além do desrespeito à pessoa da Presidente da República,
é nova afronta à Constituição do país – a representação oficial do Estado
brasileiro no exterior é atribuição presidencial.
A narrativa de que uma
“assembleia geral de bandidos comandada por um bandido” promoveu um golpe de
Estado, está agendando o noticiário internacional. No Brasil, o golpe liberou
uma comovente consciência democrática e popular somente equiparável à memorável
campanha das Diretas Já, de 1984.
Os golpistas estão
indignados com esta repercussão. Eles detonaram a democracia e esperavam uma
vida mansa e a impunidade histórica que jamais terão. Diante do desgaste de
imagem e de questionamento da legitimidade, reagem de maneira ostensiva – a
“supervisão” da Presidente na ONU é parte dessa reação.
Os atores golpistas tentam
contrarrestar esta narrativa crítica do golpe através de um discurso monolítico
de ordem e normalidade institucional. O senador tucano Aloysio Nunes, por ordem
do conspirador-golpista Temer, já tinha desembarcado nos EUA no dia seguinte à
“assembléia geral de bandidos” para fazer relações públicas do golpe no
Departamento de Estado, no Congresso e junto a setores políticos e
empresariais.
Os juízes de sempre do STF
fazem coro uníssono de defesa do golpe nos microfones dos órgãos da imprensa
golpista. O destaque de ontem foi o juiz Dias Tofolli, que parece aspirar suas
convicções jurídicas [se é que as têm] diretamente da axila do Gilmar Mendes.
Um parêntesis: Joaquim Barbosa já fez referência a supostos jagunços do Gilmar
no Mato Grosso; porém desconhece-se a existência de algum deles na Suprema
Corte.
A Globo e os demais órgãos
da imprensa golpista naturalmente cumprem o seu papel na construção da
narrativa legitimadora do golpe. Os meios alternativos de informação e a
mobilização social nas redes sociais neutralizam a eficiência da comunicação
golpista, e a Globo hoje já não consegue entorpecer as consciências e mentes
como conseguiu em 1964.
Em artigo de 19.03, dissemos
que “o Brasil não está em situação de normalidade institucional, é mentira que
as instituições estão fortes e funcionando; elas estão entorpecidas e
acovardadas pela fúria fascista reverberada pela mídia hegemônica. No Brasil
está em andamento um golpe contra a Constituição e contra o Estado Democrático
de Direito. É fundamental amplificar a denúncia do golpe em escala nacional e
no plano internacional”.
O governo, personalidades e
as forças políticas do campo democrático e popular devem intensificar a
denúncia do golpe no mundo. É imperioso se intensificar, nos próximos dias, o
trabalho de divulgação e de esclarecimento didático do golpe perante organismos
internacionais, governos, partidos políticos, artistas, intelectuais,
movimentos sociais etc.
Dentro deste espírito, o
ex-presidente Lula, Celso Amorim, Samuel Guimarães, Marco Aurélio Garcia,
juristas, intelectuais, artistas e ativistas sociais brasileiros reconhecidos
internacionalmente poderiam organizar visitas a vários países e, além disso,
produzirem vídeos e dossiês sobre o golpe de Estado no Brasil para ampla
difusão em vários idiomas.
O mundo está atento ao
Brasil, é fundamental construir a narrativa verdadeira sobre esta etapa sombria
para deslegitimar perante o mundo qualquer solução que derive deste atentado à
Constituição desferido por “uma assembléia geral de bandidos comandada por um
bandido”.
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/04/intensificar-denuncia-do-golpe-no-mundo.html?spref=tw
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