Como
é que faz, Teori, Carmen Lúcia, Rosa Weber, Celso de Mello, Luís Barroso, Luiz
Fachin? Como é que faz? Não mencionei Lewandowski e Marco Aurélio por
desnecessidade; nem Gilmar, Toffoli e Fux
por descrença.
Antes,
vocês estavam sendo levados por uma onda única de ódio preconceituoso,
virulento, uma aparente unanimidade no
obscurantismo, que os fez deixar de lado princípios, valores e se escudar ou no
endosso ou na procrastinação, iludindo-se - mais do que aos outros - que
definindo o rito do impeachment, poderiam lavar as mãos para o golpe.
Seus
nomes, reputações, são ativos públicos. Deveriam ser utilizados em defesa do país e da
democracia; mas, em muitos casos, foram recolhidos a fim de não os expor à
vilania.
Afinal,
se tornaram Ministros da mais alta corte para quê?
Os
senhores estarão desertando da linha de frente da grande luta civilizatória e
deixando a nação exposta a esse exército de zumbis, querendo puxar de novo o
país para as profundezas.
Não
dá mais para disfarçar que não existe essa luta. Permitir o golpe será entregar
à selvageria décadas de construção democrática, de avanços morais, de direitos
das minorias, de construção de uma pátria mais justa e solidária.
A
imprensa mundial já constatou que é golpe. A opinião interna está dividida
entre os que sabem que é golpe, e defendem o impeachment; e os que sabem que é
golpe e reagem.
Desde
os episódios dantescos de domingo passado, acelerou-se uma mudança inédita na
opinião pública. Reparem nisso. Todo o trabalho sistemático de destruição da
imagem de Dilma Rousseff de repente começou a se dissolver no ar.
Uma
presidente fechada, falsamente fria, infensa a gestos de populismo ou de
demagogia, distante até, de repente passou a ser cercada por demonstrações
emocionadas de carinho, como se
senhoras, jovens, populares, impotentes ante o avanço dos poderosos, a
quisessem proteger com mantos de afeto. Abraçaram Dilma como quem
simbolicamente abraça a democracia. E os senhores, que deveriam ser os
verdadeiros guardiões da democracia, escondem-se?
Antes
que seja tarde, entendam a verdadeira voz das ruas, não a do ódio alimentado
diuturnamente por uma imprensa que virou o fio, mas os apelos para a concórdia,
para a paz, para o primado das leis. E, na base de tudo, a defesa da democracia.
A
vez dos jovens
Aproveitei
os feriados para vir para minha Poços de Caldas. Minha caçula de 16 anos não
veio. O motivo: ir à Paulista hipotecar apoio à presidente. A manifestação
surgiu espontaneamente pelas redes sociais, a rapaziada conversando entre si,
acertando as pontas, sem a intermediação de partidos ou movimentos. Mas unida
pelos valores da generosidade, da solidariedade, pelas bandeiras das minorias e
pelo verdadeiro sentimento de Brasil.
São
esses jovens que irão levar pelas próximas décadas as lições deste momento e –
tenham certeza - a reputação de cada um dos senhores através dos tempos. Não
terá o sentido transitório das transmissões de TV, com seus motes bajulatórios
e seu padrão BBB. Na memória desses
rapazes e moças está sendo registrada a história viva, tal e qual será contada
daqui a dez, vinte, trinta anos, pois deles nascerá a nova elite política e
intelectual do país, da mesma maneira que nasceu a geração das diretas.
Devido
à censura, foram necessárias muitas décadas para que a mancha da infâmia se
abatesse sobre os que recuaram no AI5, os Ministros que tergiversaram, os
acadêmicos que delataram, os jornalistas que celebraram a ditadura. Hoje em
dia, esse julgamento se faz em tempo real.
Nas
últimas semanas está florescendo uma mobilização inédita, que não se via desde
a campanha das diretas.
De
um lado, o país moderno, institucional; do outro, o exército de zumbis que
emergiu dos grotões. De um lado, poetas, cantores, intelectuais e jovens,
jovens, jovens, resgatando a dignidade nacional e a proposta de pacificação. Do
outro, o ódio rocambolesco aliado ao golpismo.
Não
permitam que o golpe seja consumado. Não humilhem o país perante a opinião
pública mundial. Principalmente, deixem na memória dessa rapaziada exemplos de
dignidade. Não será por pedagogia, não: eles conhecem muito melhor o
significado da palavra dignidade. Mas para não criar mais dificuldades para a
retomada da grande caminhada civilizatória, quando a rapaziada receber o bastão
de nossa geração.
http://jornalggn.com.br/noticia/carta-aos-ministros-do-supremo-por-luis-nassif#.VxoHU_5HKNQ.twitter
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