1500
mulheres Sem Terra da região sudeste, ocuparam as dependências da mineradora
Samarco/Vale, nos arredores da Barragem de Germano (Fundão), na manhã desta
terça-feira (8), travando as estradas, os trilhos e toda extração do Complexo
de Mariana.
A
ação, organizada em conjunto com o Movimento pela Soberania Popular na
Mineração, integra a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas.
Mariana
não foi acidente
Passados
quatro meses do maior crime ambiental da história do país, a maior parte das
famílias atingidas ainda segue sem qualquer tipo de assistência.
As
cidades abastecidas pela água do Rio Doce continuam sofrendo com a contaminação
por metais pesados.
Cidades
como Governador Valadares, Colatina e Linhares, no Espírito Santo, consomem
água comprovadamente contaminada por Arsênio, Chumbo, Mercúrio, Manganês e
Cromo.
O
Arsênio é utilizado principalmente na extração de ouro, ou seja, é um indício
de que poderia haver extração ilegal nestas minas.
As
mulheres são as principais afetadas pela mineração
O
trabalho doméstico ainda é visto pela sociedade como função das mulheres que,
consequentemente, são as que sofrem com a sobrecarga de trabalho quando há falta
de água ou quando existe aumento da poluição causada pela exploração minerária.
São
elas que convivem dia e noite com a chegada de milhares de trabalhadores nas
comunidades, homens multiplicadores da violência e da prostituição, do assédio,
do estupro e até da exploração infantil.
São
elas que cuidam dos familiares adoecidos, com asma, bronquite, silicose,
ulcerações nasais e câncer, entre outras doenças causadas pela mineração.
A
mineração é o setor que mais têm causado mortes, mutilações e adoecimento
mental naa trabalhadoras e trabalhadores.
Além
disso, a mineração subordina outros setores da economia nas cidades exploradas,
gerando o desemprego principalmente entre as mulheres e, consequentemente, a
queda da renda familiar.
Minas
Gerais, por exemplo, é o segundo estado mais minerado do Brasil e tem apenas 7%
do PIB vinculado a esta atividade. Um percentual mínimo, se considerarmos os
impactos sociais e ambientais gerados.
Nossas
Propostas
Neste
8 de março as mulheres em luta, organizadas nos movimentos sociais propõem um
projeto popular de mineração.
O
que significa implantar um modelo não predatório, regulado pela necessidade
social, com a participação das comunidades, maiores e mais eficazes
instrumentos de fiscalização e prevenção de desastres.
A
legislação deve ser mais rigorosa, prevendo a demarcação de áreas livres.
Atualmente, nenhuma lei resguarda reservas ambientais já constituídas, áreas de
quilombolas, assentamentos, reservas indígenas, etc.
Mesmo
com solo preservado, todos estes territórios estão sujeitos à extração, isto
porque o estado justifica a exploração do subsolo afirmando que se trata de
interesse da união. Ironicamente, desde a privatização da Vale do Rio Doce, o
Brasil não possui nenhuma empresa estatal no setor, que só favorece interesses
privados, do capital internacional.
Jorge
André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS
http://www.mst.org.br/2016/03/08/mulheres-sem-terra-paralisam-a-producao-da-samarc-vale-em-mg.html
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