Eu
nunca tive o tal espírito de corpo. Aqui em minha cidade, eu praticamente não tenho amigos advogados e só vou até a sede da OAB em caso de extrema necessidade. Nunca
ninguém me viu por lá, em confraternizações, celebrações ou coisas deste tipo,
até porque eu não sou afeito a rapapés. Prefiro minha roda de amigos da
periferia às solenidades que envolvem formalismos inócuos.
Nas
redes sociais me colocaram em grupos que tratavam de direito penal,
constitucional e de outras áreas sobre as quais eu gosto de escrever, mas entre
2.012 e 2.013 em fui excluído de todos eles por ter cobrado de meus colegas o
silêncio sepulcral que pairou entre eles durante aquela fase em que se
instaurou o processo inquisitorial levado a efeito por Joaquim Barbosa na Ação
Penal 470.
Lembro-me
que eu lhes escrevi uma espécie de desabafo
(http://jobhim.blogspot.com.br/2012/11/desabafo.html) no qual eu os mandava
recolherem-se às suas insignificâncias e nunca mais posarem de especialistas,
mestres e doutores, pois haviam perdido a credibilidade em virtude da omissão.
Disse-lhes também que parassem de vomitar suas teorias inócuas, pois se não
tinham coragem de defendê-las em um momento crucial como aquele, significava
que elas não tinham valor algum.
Naturalmente
perdi praticamente todos os meus amigos advogados, tudo em virtude de ter meus
posicionamentos e deles não arredar pé.
Pois
neste momento em que a OAB resolveu apoiar o golpe midiático/jurídico que
pretende entregar o Brasil aos interesses do capital e dos imperialistas, não
vou me omitir e devo declarar que, como advogado, estou envergonhado e constrangido
com o direcionamento tomado pelo meu órgão de classe. Tem gente me cobrando por
isto e lançando acusações veladas de que todos nós somos venais.
Em
um momento histórico delicado em que até a CNBB e segmentos das forças armadas
se manifestam contrariamente ao golpe, devo reiterar que a OAB, ao menos nesta
decisão execrável, não me representa. E espero que outros colegas tenham o altruísmo
de se insurgirem contra ela de maneira veemente.
Sempre
lembrando que a coragem e a combatividade são as grandes virtudes que devem ter
os advogados na defesa de suas posições.
Jorge
André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS
http://jobhim.blogspot.com.br/2016/03/espirito-de-corpo.html
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