segunda-feira, 21 de março de 2016

ESPÍRITO DE CORPO

Eu nunca tive o tal espírito de corpo. Aqui em minha cidade, eu praticamente não tenho amigos advogados e só vou até a sede da OAB em caso de extrema necessidade. Nunca ninguém me viu por lá, em confraternizações, celebrações ou coisas deste tipo, até porque eu não sou afeito a rapapés. Prefiro minha roda de amigos da periferia às solenidades que envolvem formalismos inócuos.

Nas redes sociais me colocaram em grupos que tratavam de direito penal, constitucional e de outras áreas sobre as quais eu gosto de escrever, mas entre 2.012 e 2.013 em fui excluído de todos eles por ter cobrado de meus colegas o silêncio sepulcral que pairou entre eles durante aquela fase em que se instaurou o processo inquisitorial levado a efeito por Joaquim Barbosa na Ação Penal 470.

Lembro-me que eu lhes escrevi uma espécie de desabafo (http://jobhim.blogspot.com.br/2012/11/desabafo.html) no qual eu os mandava recolherem-se às suas insignificâncias e nunca mais posarem de especialistas, mestres e doutores, pois haviam perdido a credibilidade em virtude da omissão. Disse-lhes também que parassem de vomitar suas teorias inócuas, pois se não tinham coragem de defendê-las em um momento crucial como aquele, significava que elas não tinham valor algum.

Naturalmente perdi praticamente todos os meus amigos advogados, tudo em virtude de ter meus posicionamentos e deles não arredar pé.

Pois neste momento em que a OAB resolveu apoiar o golpe midiático/jurídico que pretende entregar o Brasil aos interesses do capital e dos imperialistas, não vou me omitir e devo declarar que, como advogado, estou envergonhado e constrangido com o direcionamento tomado pelo meu órgão de classe. Tem gente me cobrando por isto e lançando acusações veladas de que todos nós somos venais.

Em um momento histórico delicado em que até a CNBB e segmentos das forças armadas se manifestam contrariamente ao golpe, devo reiterar que a OAB, ao menos nesta decisão execrável, não me representa. E espero que outros colegas tenham o altruísmo de se insurgirem contra ela de maneira veemente.

Sempre lembrando que a coragem e a combatividade são as grandes virtudes que devem ter os advogados na defesa de suas posições.

Jorge André Irion Jobim. Advogado de Santa Maria, RS

http://jobhim.blogspot.com.br/2016/03/espirito-de-corpo.html


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