Da Página do MST
Somente em Tupanciretã, os
assentados abastecem 20 escolas municipais e seis estaduais, envolvendo, ao
todo, 23 projetos e mais de 10,5 mil quilos de alimentos.
O incentivo à produção de
alimentos saudáveis, sem o uso de venenos e agroquímicos, integrou as
principais ações desenvolvidas por meio do Programa de Assessoria Técnica,
Social e Ambiental à Reforma Agrária (Ates), do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), no ano de 2015 no município de
Tupanciretã, na região Central do Rio Grande do Sul.
Entre os motivos para o
fortalecimento desta atuação no último ano, realizada pelos técnicos da
Cooperativa de Trabalho em Prestação de Serviços Técnicos (Coptec), está a
busca de um novo modelo de produção e a localização dos assentamentos: “a
região é uma das que mais investe no monocultivo de soja à base de
agrotóxicos”, lamenta Roberto da Silva, um dos coordenadores do núcleo
operacional da Coptec no município.
Segundo informações do Fórum
Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, o RS ocupa a quarta posição
entre os estados que mais usam veneno no Brasil. A estimativa de consumo destas
substâncias, por habitante, é de 8,3 litros ao ano.
Já em abrangência nacional,
de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são consumidos cerca de
7,5 litros por pessoa anualmente – 0,8 a menos que no RS. Este dado coloca o
Brasil no topo da lista dos países que mais consomem agrotóxicos no mundo.
Para fortalecer o grupo e
auxiliar na produção, a Coptec realiza reuniões, cursos e oficinas a cada 15
dias, além de visitas individuais nas propriedades.
Para fortalecer o grupo e
auxiliar na produção, a Coptec realiza reuniões, cursos e oficinas a cada 15
dias, além de visitas individuais nas propriedades.
Contrariando esta realidade
local, estadual e nacional, que tem causado cada vez mais doenças nos seres
humanos e prejudicado o meio ambiente e os bens naturais, há cerca de seis anos
um grupo de agricultores ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) optou por adotar uma alternativa mais sustentável: a produção de
alimentos orgânicos.
Hoje, além de servir para o
autossustento das famílias e a comercialização em feiras e direto ao
consumidor, os produtos saudáveis chegam nas instituições de ensino através do
Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Somente em Tupanciretã, os
assentados abastecem 20 escolas municipais e seis estaduais, envolvendo, ao
todo, 23 projetos e mais de 10,5 mil quilos de alimentos.
Entre elas, está a Escola
Estadual de Ensino Fundamental Tupanciretã. A instituição tem em torno de 200
alunos e há cerca de seis anos adquire, entre outros produtos, orgânicos por
meio do Pnae.
Conforme o diretor Rogério
Carnelosso, os alimentos são preparados para o lanche escolar, que é oferecido
de segunda a sexta-feira, entre os intervalos das aulas, em dois horários:
10h15 e 15h10.
“Apesar dos procedimentos
burocráticos para adquirir os alimentos, o Pnae é um bom programa, pois nos
possibilita alimentar em horário escolar os nossos alunos. Muitos, às vezes,
nem têm o que comer quando retornam às suas casas. Eles gostam, principalmente
quando são produtos saudáveis”, disse o diretor.
Incentivo na produção de
orgânicos envole ainda outros objetivos fundamentais, que vão desde a geração
de renda para os assentados até uma alimentação mais saudável para produtores e
consumidores.
Incentivo na produção de
orgânicos envole ainda outros objetivos fundamentais, que vão desde a geração
de renda para os assentados até uma alimentação mais saudável para produtores e
consumidores.
Assistência e incentivos
Segundo o coordenador Silva,
o grupo de produtores é composto atualmente por 14 famílias, oriundas de quatro
assentamentos, que comercializam alface, repolho, tempero verde, folhas de
couve, mandioca descascada, batata-doce, moranga cabotiá, alho, cenoura,
beterraba, laranja, bergamota e feijão, no Pnae.
Para fortalecer o grupo e
auxiliar na produção, a Coptec realiza reuniões, cursos e oficinas a cada 15
dias, além de visitas individuais nas propriedades. A cooperativa também dá
assistência na elaboração de projetos de venda e na organização dos produtos
para entrega, controle e prestação de contas.
Este incentivo na produção
de orgânicos envole ainda outros objetivos fundamentais, que vão desde a
geração de renda para os assentados até uma alimentação mais saudável para
produtores e consumidores.
“Nosso intuito é
diversificar a produção e auxiliar os agricultores na transição para a produção
orgânica”, explicou Silva.
“O povo gosta de um alimento
sadio”
Inserido na prática do
trabalho coletivo, o agricultor Jolcimar Guilardi, 48 anos, do Assentamento
Santa Rosa de Tupanciretã, trabalha há mais de 15 anos com a produção orgânica.
Para ele, mesmo estando em uma região onde há intenso uso de agrotóxicos,
produzir alimentos saudáveis gera muitos benefícios.
“Nós vivemos num município
que é conhecido como a capital da soja, por ser o maior produtor deste grão no
estado, e, consequentemente, como um dos que mais usa agrotóxicos. Estamos
cercados por esta realidade, que também nos traz prejuízos, mas firmes para
combatê-la em nossos meios e continuar a produção de alimentos saudáveis,
obtendo renda e vivendo com dignidade”, destacou.
Além de entregar para
escolas e vender em feiras e mercados, o assentado revelou que há projeções de
a produção orgânica de assentamentos de Tupanciretã se expandir para o
município de Santa Maria, também na região Central.
“Existe este desejo e já
temos experiências. O povo gosta de um alimento sadio, muitas vezes não tem o
que chega. Além termos mais vida e saúde, ainda conseguimos proporcionar isso à
sociedade, o que é muito gratificante”, finalizou Guilardi.
http://www.sul21.com.br/jornal/assentados-do-mst-driblam-uso-de-agrotoxicos-e-investem-na-producao-organica/?platform=hootsuite
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